Além do Cartoon Network: As subestimadas animações da Nickelodeon

É inevitável, quando se pensa em desenhos animados, lembrar dos tempos gloriosos dos grandes títulos do Cartoon Network. Um dos maiores nomes da televisão, são inúmeras as séries animadas do CN que marcaram geração e foram sucesso entre crianças, adultos e a crítica.

Poucos canais e produtoras concorrentes ofereceram alguma ameaça substancial ao CN. A Nickelodeon, de longe, é a que chegou mais perto. Fundado no final dos anos 70, como um dos primeiros canais direcionados ao público infantil, a Nick é a dona de sucessos como Bob Esponja, Padrinhos Mágicos, Ren & Stimpy, entre outros.

Entre os diversos títulos de sucesso, é possível selecionar vários que se destacam não só pela qualidade de sua animação e aspectos técnicos, como também pelo seu roteiro.

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Parte 1 – Hey, Arnold!

Criada por Craig Bartlett em 1996, a série acompanhava a vida de Arnold, um garoto de 9 anos da quarta série, e seus amigos da vizinhança, da escola e da pensão em que vive com seus avós. O principal fator que destaca Hey Arnold! entre animações vizinhas são seus temas. Com uma galeria de personagens baseado em pessoas que passaram pela vida de Bartlett, os tópicos são, em sua maioria, temas cotidianos e comuns, como a primeira paixão, notas baixas, lendas urbanas e brincadeiras de rua. Mas ser um programa direcionado para crianças nunca censurou os criadores na hora de tocar em feridas mais profundas: em diversos episódios, vemos os personagens lidando com luto profundo, depressão e estresse pós-traumático.

Helga é a grande rival de Arnold, uma menina durona que vive caçoando e desafiando o protagonista. Mas, por dentro, ela nutre uma grande paixão pelo baixinho. Uma das gags mais recorrentes é o altar que Helga construiu para Arnold em seu armário. O amor secreto faz com que Helga seja uma das personagens com mais destaque no seriado, tendo tantos episódios focados e protagonizados por ela, que ela poderia facilmente ter seu nome no título.

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Outro grande momento da personagem na série é quando ela visita uma psicóloga. No episódio “Helga on the couch”, confrontada com seus grandes medos e segredos, conhecemos mais sobre o passado e a vida da valentona. Seu pai não lhe dá a mínima atenção, e quando dá, é para cobrar dela e diminui-la ao mesmo tempo, em detrimento de sua irmã universitária, Olga. Sua mãe vive em uma pilha de nervos, e é possível vê-la constantemente chorando e bebendo. Sim! Bebendo!

Este episódio mostra como a série era realmente algo diferente.

Vemos a dificuldade e a insegurança de Helga em revelar o que sente e o que passa para a psicóloga, que é recebida com certa grosseria e medo no início. É um reflexo de como a terapia, em 2002, ainda era algo visto como bobo ou desnecessário. Quando vemos, em um curto espaço de tempo, uma das principais personagens da série revelar um de seus maiores segredos, o porquê de ela ser como é e a raiz de de sua personalidade, fica clara a mensagem, para os pequenos e para os adultos, sobre como é importante cuidar de sua saúde mental.

E em 2018, ainda é raro ver programas que tratem do assunto de maneira benéfica, por mais que aqui tenhamos os clichês da abordagem, como o sofá, o jogo de imagens e palavras etc.

Hey, Arnold!, assim como seus companheiros da mesma época, se distanciava de outras animações por não envolver elementos mágicos ou depender apenas dos aspectos cômicos para contar suas histórias e seus personagens. Conhecemos crianças com opiniões, pensamentos, dilemas e sofrimentos reais que não seriam difíceis de encontrar em nossa própria vizinhança e é isso que faz essa série tão especial.

Caso você queira rever alguns episódios, todos os episódios com a dublagem em português original estão disponíveis na Claro Vídeo, pelo serviço da Net Now. Não vai se arrepender!

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