A guerra brasileira dos streamings 2.0
A guerra dos streamings. O termo ficou famoso e acaba ainda sendo muito utilizado, mas a partir desse novo momento ele ganha contornos variados. O primeiro é internacionalmente, realizado entre Netflix e Disney+. As duas maiores plays do mercado em número de assinantes e domínio de conteúdo. A Disney ainda conta com seu braço direito da mesma empresa, o Hulu, focado para produções televisivas. Mas existem outros confrontos, idealizados nos mais diversos países, e é nisso que iremos focar. O Brasil entra numa segunda fase dessa grande guerra de empresas.
É importante deixar claro que temos um mercado fortemente dominado pela Netflix. Ela virou sinônimo de quase tudo dentro país, inclusive uma revolução no marketing e nas mídias sociais. No entanto, nosso assunto aqui são os canais de streaming, e sobre isso não dá para não falar como a gigante vermelha também se tornou um monstro. Aí, depois desse gigantesco sucesso, nosso país virou uma intensa disputa do segundo lugar entre o Prime Video, a Globoplay e o Telecine Play (apesar desse não contar tanto), com outras coadjuvantes como Mubi, Looke, e mais. Passada essa fase, chegamos em um novo estágio com a tentativa desses canais secundários se reinventarem com a chegada da grande rival da Netflix em novembro: a Disney+.
Agora, há uma intensa guerra pela sobrevivência. É praticamente impossível existir um fracasso por parte da empresa do Mickey, que chegará simplesmente com Star Wars, todas as animações do estúdio e da Pixar, além do “inédito” Mulan, no catálogo. É como se houvesse o uma briga entre dois pesos leves no MMA e chegasse um super pesado – é quase impensável. Para tentar se manter, alguns nichos foram instalados, como o Mubi, voltado para produções cults e que servem de base para festivais de cinema, assim como é o caso do Belas Artes à la Carte e do Looke. O grupo secundário agora se enfrenta em busca novidades para seu acervo, que foram anunciadas recentemente.
Pois bem, comecemos pelo Globoplay. O canal da Globo, a gigante emissora televisiva, trouxe uma grande novidade que pode causar ainda uma transformação na TV a cabo. Adicionando 27 reais aos R$ 22,90 que o cliente já paga, ele agora poderá ter acesso ao vivo e de diversas produções dos canais SporTV, GloboNews, Gloob, Universal e Multishow. Isso além, obviamente, do que já é consumido dentro do serviço, que tem trazido séries de grande audiência, como The Good Doctor. Isso vai fazer todo um público migrar da televisão por assinatura direto para transmissão “quando quiser”? Ainda é difícil dizer, mas é fato que portas e possibilidades são abertas.
Passando para o maior concorrente, mesmo que talvez não disputem um público idêntico: o Prime Video. A novidade anunciada pela Amazon foi o serviço Amazon Prime Video Channels, que dá possibilidade do assinante escolher outros streamings dentro do próprio canal. São diversas opções, como a MGM, com filmes clássicos, a Paramount+ (com Bob Esponja em sua grade) e a Starz Play, que trouxe séries como Castle Rock e Normal People. Talvez o que mais invisibilize essa novidade seja a necessidade de pagar por cada um desses catálogos de forma separada – mas isso também terá de ser observado com o tempo.
Com essas novidades, vemos um mercado novamente aquecido para se preparar pelo impacto de perda que deverão ter com a chegada do Disney+. Ao mesmo tempo, é impossível não perceber uma certa letargia na maneira de pensar seus canais de algumas players, que é especialmente o caso da HBO, que parece ter sido colocada para trás na disputa. Além disso, quem também precisa abrir o olho é a gigante Netflix, para conseguir construir algo novo antes de até poder perder tudo.
Os próximos meses serão de uma intensa tensão no ar. Uma troca de público e uma tentativa do público tentar achar o que funciona melhor para o seu bolso. Dois executivos da própria Globo já afirmaram ao colunista Maurício Stycer que acreditam que poucas irão sobreviver bem de tudo que está vindo. Enquanto isso, os consumidores vivem uma espécie de limbo, sem saber para onde ir. Buscando olhar para o próprio bolso, que irá sofrer com esse vai e vem, talvez o ideal seria que as empresas olhassem para esses que são os verdadeiros responsáveis por tudo acontecer. Agora, uma segunda guerra está para nascer e só o futuro poderá dizer seu resultado.