A participação de Art Spiegelman na CCXP 2020
Entre os quadrinistas de maior renome mundial dos últimos 30 anos está Art Spiegelman. O criador de Maus se transformou em uma verdadeira lenda ao vencer o prêmio de jornalismo Pulitzer no período em que foi divulgada a HQ. A história sobre o Holocausto e campos de concentração ganhou o mundo, trazendo destaque para Art inclusive dentro do Brasil. E foi esse um dos principais motivos para ter sido tão celebrada sua participação na CCXP Worlds 2020.
Inicialmente, a conversa com o tradutor e jornalista Érico Assis foi para a lembrança da última vinda ao país, porém logo chegou ao ponto que o artista gosta de abordar: a política. Ao ser questionado se, para não dar espaço às vozes de extrema-direita seria melhor não falar delas, Spiegelman comentou sobre desenhar o presidente americano Donald Trump.
“Fiz um ou dois desenhos sobre Trump logo que ele foi eleito para um projeto da minha mulher. Mas depois de um tempo eu pensei que nunca queria mais desenhar ele, especialmente por ser um narcisista e querer esse espaço”, diz. “A mídia demorou a aprender na forma de falar sobre ele, mas está aprendendo a ouvir”.
A conversa acabou enveredando para Maus, sua HQ de maior destaque, como dito anteriormente – Art também é conhecido por realizar a produção sobre o 11 de setembro, À sombra das torres ausentes. O quadrinista chegou a falar que o Holocausto que era algo até bastante esquecido, por isso ser tão importante trazer histórias do tipo.
“Quando eu estava fazendo Maus, achei que faria uma anomalia, algo totalmente diferente, porém agora percebo que fiz um gênero”
Art Spiegelman relatou que produções do tipo fazem as pessoas descobrirem mais sobre determinado acontecimento histórico, como “uma forma de abertura”. A lembrança sobre seu quadrinho, por exemplo, se repetiu após a eleição de Trump, mostrando, para o artista, que “as pessoas não lêem na América”.
O mundo de novas possibilidades também foi tema, especialmente em um contexto que se mostra importante a diversidade em todos os ambientes. Com cada vez mais espaços a esses grupos, eles também chegam a lugares de destaque e com formas diferentes de criticas.
“O submundo da arte está prestando atenção agora nos negros e mulheres, que foram excluídos desde sempre. Eles estão fazendo algo novo”, comentou.