C6 Fest no Rio: Dia 1

Por Lucas Farias e Cláudio Gabriel

De volta após 15 anos, o atual C6 Fest (ou podemos chamar de Tim Festival ou até mesmo Free Jazz Festival) parece um grande respiro perante a um mercado de shows cada vez mais comum. Em vez de artistas no topo das paradas, o line up preferiu buscas nomes variados, alguns clássicos e outros que despontam para o cenário contemporâneo da música mundial. O Senta Aí aproveitou o primeiro de evento no Rio de Janeiro para conferir o lado mais eletrônico desse braço, que ainda é composto por jazz e rock. E, nisso, trouxe dois nomes clássicos para uma das capitais culturais do país:

– Kraftwerk

É difícil descrever o Kraftwerk como algo separado, como um show em partes. A apresentação dos alemãs durante o festival, soa mais como uma grande experiência imersiva. E isso está em todos os cantos, desde o uso dos instrumentos (meramente teclados e sinterizadores, com uma batida normalmente grave que complementa o ambiente), junto com o telão do palco, que quase consome os quatro membros como parte integrante e fundamental desse cenário.

Nesse sentido, tudo se torna ainda mais divertido de acompanhar quando ouvimos a voz meio robótica e meio natural de Ralf Hütter, um dos criadores do grupo – que são um dos pais da disseminação da música eletrônica. Por isso mesmo, toda a construção feita em cada uma das faixas quase transporta o público para um outro momento, um outro tempo. Em certo sentido, quase soa como se estivéssemos em alguma balada alemã totalmente escondida no meio da Guerra Fria. Ou até mesmo em algum lugar muito underground em terras brasileiras, na qual a droga é passada de pessoa para pessoa. Novamente, a experiência é o elemento chave.

Obviamente, não é possível fazer isso sem grandes músicas, e não foi o que faltou nesse show. Nenhum dos grandes clássicos do Kraftwerk ficou de fora, caso de “The Man-Machine”, “The Model”, “Computer Love”, “Tour de France” e “The Robots”. Aliás, os grandes momentos do concerto foram aqueles em que se foi possível observar uma espécie de experimentação nas próximas canções, já conhecidas. “The Robots”, um dos grandes clássicos deles, é feita de uma maneira diferente, por exemplo.

Desse jeito, é possível mostrar como, em pouco mais de 1 hora de apresentação, se consegue consolidar a música eletrônica de uma forma tão fluída e marcante. É impossível não sair de toda essa imersão e não ficar na cabeça com batidas, elementos sonoros e até mesmo a voz de um robô se comunicando conosco. A expectativa é que, apesar da idade de seus integrantes, o Kraftwerk não acabe tão cedo, e continue a trazer cada vez mais experiências para o público ao redor do mundo.

– Underworld

As luzes se apagam e do escuro surge Underworld, composto por Rick Smith (Produtor e mixador do grupo) e Karl Hyde (Vocalista) com suas batidas eletrônicas pulsantes que logo viram um espetáculo progressivo.

Ambos irradiam uma energia inquestionável. Karl, ao longo do show, estabeleceu uma conexão muito genuína com a plateia, entregando de maneira apaixonada e carismática (típicas de um rockstar), performances contagiantes que transformou o local em uma verdadeira pista de dança e Rick que eleva a cada batida a energia da performance de forma perfeita. A produção visual do show impressiona demais com o espetáculo de luzes hipnotizantes. A sincronia com a música proporciona uma experiência visual de outro mundo.

No geral, a performance calorosa da banda dos anos 80 deixou claro pra qualquer um que ainda tivesse dúvida por que é considerada uma das bandas eletrônicas mais importantes da história.

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