Coluna da Cibele | 5 livros de terror para o mês de outubro

Outubro é sinônimo de Halloween. O tradicional Dia das Bruxas – já amplamente comemorado no Brasil -, traz sempre uma aura de suspense e mistério para o mês. Pensando nisso, selecionamos 5 livros que, de alguma forma, fazem referência a temática evocada por essa época bizarra do ano. São romances de não-ficção, contos e HQs que, apesar de divergirem no formato, carregam em suas narrativas as piores facetas do ser humano e do sobrenatural.

1. De frente com o serial killer, de John Douglas e Mark Olshaker

Nem só de fantasmas e demônios sobrevive o terror. Muitas vezes, as experiências mais sombrias são fruto de ações humanas – e não sobrenatural. Escrito por John Douglas (ex-agente do FBI) e Mark Olshaker (documentarista e repórter), o livro De frente com o serial killer apresenta o caso de quatro criminosos americanos, que foram entrevistados por Douglas e sua equipe de análise comportamental. Aliás, o trabalho do agente inspirou o roteiro da série Mindhunter produzida pela Netflix. Assim como no seriado, neste livro acompanhamos o processo de pesquisa e entrevista de Douglas, na qual busca compreender a mente dos psicopatas, montando um quebra-cabeça com a motivação, o modus operandi e a assinatura do indivíduo.

A violência e crueldade explícita são um dos aspectos que mais chama a atenção ao longo da leitura, bem como a frieza da narração dos assassinos. Em alguns trechos, é preciso parar e respirar fundo antes de prosseguir.

“Mesmo acostumado, a banalidade da maldade desses caras ainda me choca. E ficou ainda pior.
“O que aconteceu primeiro? O que você disse a ela? Você a despiu?”
“Não, ela saiu do carro e correu para dentro da casa, sabe, foi brincar e tal, e eu segui ela e nós acabamos no andar de cima. Peguei um pedaço de madeira e, enquanto ela olhava para o outro lado, acertei no topo da cabeça dela o mais forte que consegui, como se tivesse um taco de beisebol nas mãos. Então ela caiu, e ficou de joelhos, atordoada. Eu bati de novo. Bati duas vezes na cabeça dela com a madeira e ela desmaiou. Então estuprei ela, e Kara acordou no meio do ato, aí acabei a estrangulando”
(trecho da entrevista de Joseph Kondro, condenado pelo estupro e assassinato de Rima Traxler, 8 anos, e Kara Rudd, 12 anos)

2. Edgar Allan Poe: Medo Clássico (Vol. 1)

“Para a muito estranha embora muito familiar narrativa que estou a escrever, não espero nem solicito crédito. Louco, em verdade, seria eu para esperá-lo, num caso em que meus próprios sentidos rejeitam seu próprio testemunho. Contudo, louco não sou e com toda a certeza não estou sonhando. Mas amanhã morrerei e hoje quero aliviar minha alma” (trecho inicial de “O gato preto”)

Não poderíamos deixar de fora um autor clássico quando o tema é terror, o americano Edgar Allan Poe. Nascido em 1809, Poe não teve sucesso em vida, mesmo assim, escreveu muitas histórias, em que orbitavam desde o terror psicológico até a sátira e o mistério policial. Na coletânea da Darkside Edgar Allan Poe: Medo Clássico, alguns de seus contos mais famosos são apresentados como “O Gato Preto” e “Coração Delator”.

Este volume traz um belo e informativo prefácio do poeta Charles Baudelaire, admirador confesso da obra de Edgar e o primeiro a traduzi-lo para o francês. Além disso, a edição conta com belas ilustrações que introduzem cada conto, demonstrando o apreço do trabalho gráfico e editorial. Logo após o lançamento desse exemplar, outras versões já foram publicadas como, por exemplo, o Volume 2 dos contos de Edgar A. Poe e a coletânea de outros autores como H. P. Lovecraft.

3. Insanas: Elas matam!, de Alicia Azevedo, Alma Kazur e outras

Vai ter terror brasileiro sim, senhor! Lançado pela editora independente Estronho, Insanas: Elas matam! é uma coletânea de contos escritos por diferentes autoras. O grande destaque aqui é a constante “perspectiva” feminina, na qual cria protagonistas mulheres com personalidade e bem desenvolvidas. E é exatamente por isso que essas persoangens da antologia Insanas são capazes de tomar decisões que beiram a loucura e o sadismo. Sexo frágil? Não, elas podem e são cruéis quando querem.

“Mas quando ela arrancar seu coração, o sangue quente escorrendo por sua mão O rio vermelho que mancha a tua cama. Finalmente verás o quanto ela é insana.” (Ana Cristina Rodrigues)

4. Dora, de Bianca Pinheiro

Primeira graphic novel da carioca Bianca Pinheiro, Dora bebe da fonte de outras obras de terror clássicas como Carrie, A Estranha,de Stephen King. Relançado em 2016 pela Editora Mino, o livro foi publicado, a princípio, graças a um financiamento coletivo na Internet. Ao longo de seus dez capítulos, a narrativa foca na breve vida de Dora – acompanhamos flashbacks de sua infância e dos eventos mais recentes que geraram uma grave acusação de assassinato.

É interessante refletir que o ponto de vista materno é o responsável por dar o tom da narrativa. Em histórias do gênero, normalmente a figura materna – apesar de ter importância para o protagonista masculino – acaba ficando de lado e não sendo bem trabalhada. Essa mudança de paradigma demonstra uma maior abertura para outras vozes contarem suas próprias histórias.

5. The mounstrous-feminine: film, feminism and psychoanalysis, de Barbara Creed

E se você não gosta de livros de terror, mas mesmo assim quer aproveitar a temática de Outubro, nossa dica é a obra teórica The mounstrous-feminine: film, feminism and psychoanalysis (ainda sem tradução para o português). Nesse livro, a autora americana Barbara Creed reflete sobre o imaginário criado em torno das figuras femininas, em especial, nos filmes de terror hollywoodianos. As bases para a discussão partem de questões feministas e psicanalíticas. Como o patriarcado se reflete na criação dos estereótipos femininos? Quais são os papeis desempenhados pelas mulheres nas narrativas do medo? A Virgem? A final girl? E afinal, o que seria o monstruoso feminino que todos tanto temem?

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *