Coluna do Pedro | Crítica – Fine Line (Harry Styles)

O “depois” de um álbum debut, aclamado pela critica e pelo público, o ex-1D voltou com mais um disco. Fine Line é o segundo trabalho do cantor e ele veio mais conceitual do que nunca. A estética da era foi completamente baseada nos anos 60 e 70 e apostou ainda mais em um visual mais andrógino. E assim estava definido o que esperar. Harry Styles, porém, surpreendeu novamente.

A história de Fine Line começa quando ele lança o lead single “Lights Up”. Com um clipe para não falar sexy – e ousado -, o cantor nos entrega o indie pop perfeito dando a entender a sua bissexualidade, o que ele não demorou para desmentir em recentes entrevistas. Mas nada impede de aproveitar a excelente música. Excelente assim como a que veio após. Como buzz single, “Watermelon Sugar” é o onde o Harry consegue chegar no mais pop sem o resto dos seus colegas de banda. 

No entanto, seus clipes continuam a se superar. O segundo single da nova era apresentada chegou com um clipe que tem participação de Rosalía e produção de filme. “Adore You” conta com um vídeo divertidíssimo e, se a informalidade desse site me permite dizer, com uma letra que transcreve exatamente tudo que passa na cabeça de alguém que é GADO DEMAIS. Esse menino teve o coração muito quebrado pra fazer esse álbum, hein. 

Na verdade, isso se comprova nas músicas mais tristes do CD e, peço desculpas pra “Meet Me In the Hallway” e “From The Dinning Table”, também de sua carreira. “Cherry” é uma balada onde Harry sofre pela ex estar com outro. Além do instrumental, que completamente a letra muito bem, a produção é impecável, principalmente com o adicional de ter áudios da ex em questão, o que deixa tudo mais dolorido e real. Esse dolorido também é sentido em “Falling”, onde o piano leva a tristeza das palavras que saem na voz de Styles para outros níveis. É nessa parte do disco que podemos sentir a força da musicalidade do artista e, também, que ele tentou muito, mas não conseguiu largar o amor por Fleetwood Mac

“To Be So Lonely” quebra um pouco a vibe que tinha se instaurado, porém ainda não consegui opinar se isso é positivo ou negativo, mas o que poderia ser uma transição mais natural ficou bruta. Isso não tira a qualidade da música, que é onde o cantor deixa mais escancarado musicalmente as referencias setentistas. Assim como em “She”, que, de longe, tem o melhor instrumental do disco. O solo de guitarra é absurdamente bom. Ao vivo, com certeza, será ainda mais absurdo de ouvir. Sorte de quem conseguiu comprar os disputados ingressos para seus shows em Outubro do ano que vem

Mais um destaque da musicalidade da obra é a ótima “Treat People With Kindness”. A frase que virou um slogan de Harry e seus fãs, ganhou uma face sonora que não poderia ser melhor. O coro faz do refrão uma experiência diferente e única para o disco. Além disso, adiciona muita riqueza, assim como a letra, que destoa por não ser tão pessoal, todavia contribui muito pela mensagem positiva no meio de tanta decepção amorosa. 

A positividade se manteve quando a faixa-título chega e encerra o álbum perfeitamente. Em um instrumental, na qual se encaixaria perfeitamente em qualquer montagem final de um filme teen indie que faria gifs de sucesso no Tumblr, o cantor confirma que eles, os dois ex amantes, vão ficar bem. E, depois da montanha russa de emoções que é esse CD, não tem como não achar que tudo realmente vai ficar bem. 

Fine Line é um ótimo segundo trabalho para Harry Styles, que mostra sua evolução, mas ainda mantém sua essência. Prometeu com visuais, falas mais referenciais e influências do que realmente teve, mas não é um demerito. O artista entregou um rock moderno puxado para o pop que agrada tanto o seu público e, por soar mais radiôfonico que o anterior, pode trazer mais fãs para sua carreira. 

Ah, antes de ir, eu gostaria de deixar o meu apelo para que o Harry continue com a tradição de todo albúm ter uma música com frutas no nome. Como não amar “Kiwi” e “Watermelon Sugar”?

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