Crítica – Kubrick por Kubrick

Stanley Kubrick é, sem sombra de dúvidas, um dos maiores diretores do cinema de todos os tempos. Suas obras são atemporais, marcadas em uma complexa relação do que é ser humano, além do lado filosófico ao explorar diferentes gêneros. Morto no fim nos anos 1990, ele se tornou uma grande sombra da sétima arte posteriormente, sendo lembrando em livros, documentários e até outros filmes em si, a qual trabalhou. Então, a pergunta é feita: o que mais falar sobre o diretor? Há mais algo a ser detalhado, destrinchado, para além das “felicitações” de sempre? A resposta deveria ser não. Isso não pede a realização quase clichê de Kubrick por Kubrick.

Gregory Monro faz basicamente  um trabalho de recuperação de arquivo. Em pouco mais de uma hora, rememora diversas entrevistas de atores, produtores e mais que trabalharam com Kubrick, comentando os trabalhos nessas produções específicas. Vão desde de o início da carreira do cineasta, em Glória Feita de Sangue, até posteriormente, como em sua realização final, De Olhos Bem Fechados. É uma espécie de grande efeméride sobre Stanley.

Ao todo, realmente vemos um documentário que pouco acrescenta em algo para o debate, até por isso o termo clichê. A realização de Monro é trazer tudo que já foi falado, debatido, trabalhado e muito mais. Até o que já apareceu em outros documentários. Além disso, o cineasta busca uma realização estética quase de filmagens de algo para a televisão, com algumas passagens de quadro mostrando um fotograma, por exemplo. Ou até a TV demonstrando alguma entrevista específica. Entre outros depoimentos, vemos Tom Cruise, R. Lee Ermey e Malcolm McDowell, entre outros.

A parte realmente mais interessante do filme é toda a discussão sobre a maneira de trabalhar e todo o tracejo de pensamento de Kubrick. A obra parece ter um certo receio em entrar no meio de debates sobre sua forma de lidar com atores, mas chega a discutir como o temperamento propriamente de Stanley acaba reverberando dentro de suas realizações pessoais no cinema. Entretanto, falta espaço para uma discussão melhor desse aspecto, visto que acaba por ser esquecida tão rapidamente quanto a maneira que entra dentro dos acontecimentos.

Ao fim, a sensação de Kubrick por Kubrick é de quase um vazio. Há claro um caminho curioso e bom de se acomapanhar nas memórias de todo o pensamento de Stanely Kubrick sobre a sétima arte, todavia são tão ancorados em cenas também dos seus próprios longas, que parece faltar espaço para absolutamente tudo. Até o próprio Gregory Monro parece, em determinado momento, nem entender o porque de estar realizando aquilo, quando vemos quase um caminho automático da narrativa. Sem muitos debates, e nem tantos caminhos, talvez teria sido melhor para o filme querer explorar algo. Nem isso consegue.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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