Crítica – The Flight Attendant (1ª Temporada)
Imagina que você encontre um homem, saia com ele para um hotel e, na manhã seguinte, o encontra morto na cama com um corte no pescoço. Bom, é isso que acaba acontecendo com a comissária de bordo Cassie (Kaley Cuoco). Jovem, ela sempre aproveita os locais para onde vai a trabalho e fica bebâda, além de sair com alguns homens. O problema é tudo foge completamente de controle ao conhecer Alex (Michiel Huisman) dentro de um desses vôos. Desse jeito, a comissária foge do local e tenta fingir que nada está acontecendo, enquanto uma grande trama envolvendo políticos, espionagem e corrupção acontece em The Flight Attendant.
É nessa grande magnitude que a série de Steve Yockey se constrói. O elemento central é, justamente, o absurdo, para poder consolidar diversos elementos dramáticos e de suspense que serão absorvidos posteriormente. Desse jeito, é até curioso como os oito episódios da primeira temporada passam de uma comédia mais escrachada inicialmente – especialmente por toda a reação da protagonista – até uma discussão mais profunda sobre a relação familiar da mesma. É como se esse lado mais leve servisse apenas de pretexto para desenvolver o que de mais complexo virá em seguida. E tudo isso está diretamente conectado com todo o passado de Cassie, especialmente seu envolvimento com bebida, o pai e o irmão Davey (T.R. Knight).
Todavia, se toda a discussão do seriado se baseia em um estudo de personagem e aprofundamento sobre quem seria essa mulher, do mesmo modo isso se conecta com pessoas próximas. Dessa forma, a relação com as amigas é algo fundamental para acompanhar o suspense e espionagem que a trama acaba ganhando ao longo do tempo. Nessas situações que ainda persiste boa parte da comédia nos capítulos, como se fossem uma espécie de fuga. Um dos exemplos é quando a personagem principal vai até o funeral de Alex. Dessa forma, Ani (Zosia Mamet) e Megan (Rosie Perez) são chave nessas situações que vão aparecendo.
A primeira pelo fato de ser uma advogada e logo se transformar em uma representante legal de Cassie. A dinâmica das duas é uma das situações mais divertidas de The Flight Attendant por abraçar um lado meio Aaron Sorkin, sempre com divagações rápidas e tiradas que andam a narrativa nesse lado investigado. Já com a segunda, há uma certo distanciamento de ambas, mesmo com uma aproximação. Contudo, há um enfoque – que chega a ser desnecessário – sobre como ela se torna uma espiã para o governo chinês, por conta de seu marido trabalhar no governo. Apenas mais uma tirada para a lista dos absurdos.
O que acaba mais impressionando é o jeito como esses elementos sempre coexistem. Se, por um lado, temos um maior entendimento sobre quem é Cassie no presente, com seus diversos problemas e maneiras de tentar lidar com isso tudo, por outro caminho quase rejeitamos a forma como ela lida com tudo isso que acaba acontecendo, sempre de um jeito completamente impulsivo. Yockey sabe desconcertar bem as emoções do público a todo instante, introduzindo sempre novas maneiras de entender para onde a narrativa está indo, além de trazer uma intimidade única com a protagonista.
Dessa forma, The Flight Attendant consegue se mostrar curiosa por ter um cuidado e explorar com calma as diversas nuances dessa história. Ao ser um complexo estudo de personagem, a obra abre espaço nos oito episódios para não ser simplista e sempre explorar mais camadas de cada uma das peças desse tabuleiro. Contudo, é também interesasnte como parecemos nunca ter um entendimento completo de todas as situações, abrindo lacunas e ganchos para que o público queira continuar assistindo, além de, é claro, fazer uma segunda temporada.
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