Coluna do Pedro | WILLOW com lately i feel EVERYTHING

Desde os 8 anos mostrando que talento sim é hereditário, Willow lança o seu quinto álbum de estúdio e, logo atrás de Whip My Hair, provavelmente o mais comercial de todos eles. A jovem, de apenas 20 anos, já tem uma discografia linda e muito pra se orgulhos nesses longos 12 anos de carreira, mas é inegável que esse é o trabalho que mais causou barulho.

Em 2021 vemos uma volta do rock para o circuito mais comercial da música. Artistas já estavam trazendo referencias em outros gêneros, como Post Malone no trap, divas pop já estavam apostando na sonoridade, como Miley Cyrus no Plastic Hearts, e novos atos consolidaram a volta definitiva do gênero para o pop, como Olivia Rodrigo. E Willow, claro.

Quando a cantora trouxe “t r a n s p a r e n t s s o u l” junto de Travis Barker, um dos nomes mais importante do pop-rock, já sabíamos que poderíamos esperar grandes coisas do disco. O single principal é uma faixa pesada, mas animada e com vocais que trazem emoção e a sensação de que a jovem artista está cuspindo os sentimentos. Tudo para quem cresceu sofrendo com delineador preto precisava.

Longe de ser um acerto apenas para o single principal, a crueza segue durante todo o disco, com letras e sonoridade que atravessam o ouvinte e contagiam para pelo menos balançar a cabeça e bater o pé no chão. E também vindo do single principal, o baterista volta para uma segunda participação em “Gaslight”, onde Willow mostra que realmente é Geração Z e conversa sobre um tópico relevante enquanto faz um puta música boa.

Barker também aparece em “G R O W”, que era a colaboração que ninguém sabia que precisava. Willow, Travis Barker e Avril Lavigne. Claro que num álbum que bebe de todas as fontes do pop rock dos anos 2000, o rosto feminino do movimento não poderia deixar de aparecer. E aparece com toda sua personalidade, já que, mesmo que as duas brilhem bem, a música tem total cara da Avril e numa arvore genealógica musical é facilmente uma prima de 2º de todas as musicas do Let Go.

Outra parceria de destaque é a Tierra Whack em “XTRA”, onde a protagonista do CD relembra de todo o seu histórico no R&B, sem deixar a guitarra pra traz. Tierra aqui é quase um contraponto de calma para os gritos da Smith, da melhor forma, já que o verso de Tierra é um dos melhores momentos o disco.

Mas a cantora possui seus ótimos momentos sozinha. Em “naive”, por exemplo, ela está mais introspectiva e autoconsciente do que em todo o disco (o que diz MUITO, já que o álbum é basicamente isso) e isso é bom demais, já que a identificação é um dos pontos principais desse trabalho. “Lipstick” é outro single de destaque, pois é crescente e com um dos melhores instrumentais, nos levando para onde a cantora quer nos levar.

Com muitos bons momentos, a única coisa que poderia ser diferente é a duração tanto o disco quanto das faixas. Talvez eu realmente precise me acostumar a ter mús icas de 2 minutos e parar de parecer velhos da página “Rock Wins” dizendo que no meu tempo era melhor, por que tudo tinha mais de 3 minutos. É um trabalho consistente, com sonoridade definida, atual, marcante e sem soar repetitivo ou sem personalidade. Lately i feel EVERYTHING é mais um acerto na carreira de WILLOW.

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