Crítica – Y: O Último Homem (1ª Temporada)
Tramas com últimas pessoas na Terra não são realmente uma novidade perante o mundo da cultura pop. Mas definitivamente, a ideia de Y: O Último Homem não é realmente ser uma grande novidade, algo que poderá chamar atenção de todos. O grande objetivo da produção, durante a criação dos quadrinhos por Brian K Vaughan, é literalmente ser algo que vai atrás da politicamente em um mundo inteiramente dominado pelas mulheres. Se essas, subjulgadas durante muito tempo, agora pudessem assumir o poder, de que forma as coisas seriam? Positivas, ou continuaram as mesmas? É dentro dessa reflexão que a HQ original e também a série de adaptação podem ser espelhar. O grande problema é o caminho que essa segunda trilha para isso.
Por isso, dentro desse universo acompanhamos essas questões de um ponto de vista oposto, masculino. É a trajetória de Yorick Brown (Ben Schnetzer) a ser seguida, o possível último homem que sobrou em todo o planeta após uma estranha epidemia que matou apenas os seres masculinos – inclusive espécies animais. Nesse contexto, enquanto vemos ele tentando sobreviver e encontrar possíveis ajudas para não ser morto, também vemos os Estados Unidos sob controle da nova presidente Jennifer Brown (Diane Lane).
A criadora Eliza Clark tentou claramente trazer os elementos mais da politicagem, onipresente para uma trama do tipo, dentro do DNA dessa primeira temporada de Y: O Último Homem. O maior problema é justamente a fundamentação disso em meio a uma narrativa que parece não ter foco em momento algum. A falta de um direcionamento claro causa alguns problemas na forma de construir a história. Por exemplo, alguns confrontos entre personagens são simplesmente abandonados no meio do caminho para dar espaço a um maior desenvolvimento de algo que nunca nem havia sido falado. Da mesma forma, certas questões são colocadas em pauta (como o caso dos relacionamentos românticos) para serem esquecidas logo depois.
Essa falta de uma verdadeira linearidade traz para a produção apenas uma falta de foco que resume bem o desenvolvimento de certos personagens. Os dois maiores protagonistas, em visões que deveriam ser de um relação antagônica, acabam sendo deixados de lado para que tramas menores e que acabam por ali mesmo sejam deixadas de frente. Do mesmo jeito, é impossível não falar como a própria série não sabe o que quer debater, já que, com muitos personagens ganhando relevância ao longo dos episódios, se torna mais importante tentar trazer algo para eles do que realmente avançar com o que está acontecendo.
O grande ponto da primeira temporada (e possivelmente única, já que foi cancelada) de Y: O Último Homem é justamente não conseguir manter um verdadeiro direcionamento dos temas que quer abordar. Com isso, Eliza Clark parece não ter verdadeiramente um controle narrativo de tudo que vai aparecer em tela. Os capítulos, que começam até bastante curiosos, ganham contornos cada vez mais confusos, sem nada estar mais alinhado para qual caminho seguir. Os momentos chocantes mais próximo do fim, por exemplo, se perdem em mais confusão e personagens que aparecem do nada. Talvez o que faltasse saber para uma história em que o mínimo importa, é que menos é mais.