Lollapalooza Brasil 2019: Dia 3 #LolladeCasa
*Texto escrito por Cláudio Gabriel e Pedro Barreto.
O último dia do Lollapalooza Brasil 2019 foi marcado pela negação da transmissão do Multishow pelo rapper (e maior atração do Festival) Kendrick Lamar. Além disso, foi um dia marcado pela performance extraordinária do Twenty One Pilots e um destaque para a música pop produzida no Brasil.
Confira nossa resenha dos shows:
– Gabriel, O Pensador
Um dos rappers de maior história dentro do Brasil fez sua estreia no Lollapalooza de uma forma bastante interessante. Com a mistura de alguns de seus grandes hits – esses mais aclamados e cantados pelos presentes -, como “2345meia78”, “Até Quando?” (o encerramento) e “Cachimbo da Paz”. Algumas especiais, como a homenagem a Chorão, também pareceram ter uma conexão forte com o público, na qual soava bastante ameno ao show.
Mesmo nessa passividade, Gabriel parecia dar o máximo de si e bastante feliz por esse fato. As participações especiais femininas ainda deram uma força mais interessante a toda a performance, com diferentes vocais. Todavia, é impossível não destacar o momento de improviso feito pelo cantor, que causou uma interatividade boa e também fez com que o artista tivesse uma dificuldade meio aleatória, mas diferente para um festival desse tamanho.
Não se pode dizer de ter sido a melhor coisa do mundo, mas O Pensador soube muito bem utilizar o público do evento a seu favor. Talvez esse não estava com um real interesse, algo na qual causou uma certa amenidade. Se um lado estava assim, do outro víamos um palco exalando vontade e diversão.
– IZA
Sendo um dos melhores atos do pop nacional atualmente, as expectativas para o show da IZA eram bem grandes. Como era esperado, ela esbanjou carisma e simpatia desde o momento em que pisou no palco. Palco este dominado com maestria com seu impecável vocal, com um desempenho surreal combinado com a ótima coreografia. A artista brasileira pode não ter sido headliner, mas com certeza foi um dos maiores destaques do festival.
A maioria de suas músicas são hits inegáveis, então o publico cantava e dançava com a artista de uma forma que, de casa, você conseguia sentir esse momento. A multidão, totalmentesem fim, a acompanhava com palma e vozes em uníssono. Fica difícil apontar uma musica que o público curtiu mais, porque em nenhum momento houve pausa. “Pesadão” e “Dona de Mim”, finalizando, com certeza foi um momento especial.
Esse show só provou que a IZA é uma artista completa e merece tudo o que está acontecendo com ela.
– Interpol
Burocrático e bem direto, a apresentação do Interpol realmente não impressionou em muita coisa. Talvez aos fãs mais antigos e aos já apaixonados pela banda tenham se exaltado pelo fato das mais diversas canções clássicas e também colocando as faixas novas a frente. Mesmo assim, tudo bastante simples, mas não em um lado positivo, e sim extremamente passivo por parte dos integrante – até mesmo do famoso vocalista Paul Banks.
Dessa forma, músicas como “Evil” não empolgaram em absolutamente nada. Musicalmente, no entanto, a força artística do grupo prevaleceu bastante, se mostrando sempre diferenciados nesse quesito. Pena que isso não refletia em conjunto com os presentes.
– Greta Van Fleet
Um dos nomes mais esperados (e também mais tensos em termos de discussão) do Lolla em 2019, Greta Van Fleet não decepcionou em nada. Absolutamente nada. Se prometeu retornar a um rock dos anos 60, seja no seu visual, seja na musicalidade, mostrou isso totalmente no palco do festival. Solos de guitarra intermináveis, bateria em um volume altíssimo e agudos vocais de arrepiar todos os cabelos do público presente no evento e nas pessoas em casa.
Se fosse para tirar alguns destaques, as canções seriam “Black Smoke Rising”, “Watching Over”, “Edge of Darkness” e “Highway Tune”, essa última a mais cantada de todo o show. Em todas essas faixas era impressionante toda a conexão feita com a plateia, quase realizando uma performance de ópera, nos agudos belíssimos do cantor Josh Kiszka.
Entrando nessa edição como um dos nomes mais comentados, seja pelo lado bom ou ruim, Greta Van Fleet superou todas as expectativas e realizou uma das melhores apresentações do Lollapalooza nesse ano. Unindo o público mais novo com os saudosos mais velhos, o grupo se mostra realmente performático, algo que tem faltado muito ao rock.
– Twenty One Pilots
Tweenty One Pilots era uma das atrações mais esperadas do Lollapalooza deste ano. Eles tem uma forte base de fãs, tanto presente no festival quanto em casa nas redes sociais. E esses fizeram bonito, desde o momento em que Josh e Tyles entraram até o momento que eles saíram, sem o silêncio aparecer em nenhum instante, com o publico acompanhando com animação cada palavra que a dupla dava no palco. Ficava difícil ouvir o que Tyler cantava de tanto que o publico estava surtando.
A confiança da dupla em si mesmo transparece da forma em que todas as loucuras do show fluem naturalmente e animam ainda mais o público. O controle de palco que eles têm é incrível. Em “My Blood”, Tyler separou os lados do Lolla para cada lado cantar uma parte e os fãs fizeram bonito. Tentar acalmar, mesmo que seja só um lado, é complicado no Brasil. Mas essa interação é um ponto forte. Conta com falas em português durante partes do show, Tyler descendo para o publico e cantando sendo apoiado por eles, Josh tocando bateria da mesma forma. Tudo era muito especial.
Com uma das melhores e mais altas plateias do Lolla, Tweenty One Pilots faz um show energético, interativo e surreal.
– Years & Years
Years and Years foi desfavorecido, pois ao mesmo tempo do seu show acontecia o de Kendrick Lamar. Mas isso não impediu a banda de fazer uma apresentação completa e extrovertida. Olly é extremamente carismático e isso transparece em sua presença de palco, nos pequenos movimentos de dança e até mesmo no que estava usando: um casaco que era a bandeira do Brasil. No palco, ele curte a si mesmo e a música, cativando a plateia e fazendo ninguém querer perder um de seus movimentos. Resumindo, ele é um fofo.
A banda estava feliz de estar no Brasil, fazendo questão de comentar sempre que era possível. Seja entre as músicas ou nos muitos momentos em que o público gritava que amava o vocalista. Quem estava ali era fã mesmo e fazia coro em diversas canções, mas o destaque mesmo ficou para “Desire” e “King”, dois de seus maiores hits. Foi um show muito querido e animado!