O que aconteceu com os blockbusters?

O cinema mundial, alavancado principalmente pelo estadunidense, atravessa por uma grande revolução em vários aspectos. Seja na questão de roteiro, inicio de grandes franquias e/ou mudanças nos protagonistas, tudo é levado devido a uma questão primordial na sétima arte atual: o dinheiro. A “grana” de bilheteria que cada filme gera é um fato primordial para sequências e também para a vinda de longas menores, que podem gerar indicações a prêmios para os grandes estúdios. Isso tudo a alguns anos atrás era peso de enorme disputa para chegar a grande marca do bilhão, algo que vem decaindo cada vez mais chegando ao fato de que, no atual ano de 2017, o arrecadado no período de verão americano só foi maior que o 2006 desde o início da indústria. Nisso, é impossível não se perguntar: o que aconteceu com os blockbusters? O mercado cinematográfico está sendo deixado de lado de vez?

No final dos anos 90 e início dos 2000, a primeira obra chegou na casa amada de 1 bilhão de dólares. Em 1997, exatos 20 anos atrás, Titanic se tornava a maior bilheteria da história, desbancando recordes que demoraram bastante até serem batidos novamente. Desde então, outros 30 longas fizeram mais do que isso, tendo sido 23 obras depois dos anos 2010 (sem contar o primeiro lugar da lista, Avatar, que foi lançado em 2009). É imprescindível falar que o retorno de grandes franquias e a era dos filmes de heróis virou um fator alavanque para a explosão de dinheiro que essa arte viveu, mas que, cada vez menos, tem sido realmente relevante.

Rei Arthur – A Lenda da Espada (2017), filme dirigido por Guy Ritchie

Agora, vamos ao atual ano, aonde o cinema teve Guardiões da Galáxia Vol. 2, Meu Malvado Favorito 3,  Carros 3, Rei Arthur – A Lenda da Espada, Mulher-Maravilha, Homem-Aranha: De volta ao Lar, Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar, dentre outros. Citando todos esses sendo a maioria lançados no verão americano, o valor girou em torno de 3,8 bilhões de dólares de arrecadação, algo muito mais baixo que nos últimos anos. Valerian e a Cidade dos Mil Planetas, Rei Arthur, Alien: Covenant Transformers: O Último Cavaleiro se mostraram gigantescos fracassos, comparados a seus milionários orçamentos. Para se ter um comparativo, somente a franquia Star Wars – que contou com O Despertar da Força (2015) e Rogue One (2016) – teve cerca de 3,1 bilhões de dólares nesses últimos dois anos.

No meio disso, uma questão que chamou bastante atenção foram os filmes de terror/suspense, que realizaram um sucesso estrondoso durante os últimos tempos. Vamos destacar apenas 2017, a começar pela recente estréia: It-A Coisa, que custou 35 milhões e já arrecadou (até o momento que esse texto é escrito) 200 milhões de dólares, um sucesso absoluto. A franquia Invocação do Mal, com a sequência de Annabelle, também têm sido um carro-chefe para lucro nesse estilo cinematográfico. Todos os 4 longas da franquia custaram um pouco mais de 80 milhões e já conseguiu cerca de 420 milhões, mostrando o porque mais obras na mesma série foram anunciados. Por fim, é impossível não falar de Corra! e Fragmentado. O primeiro teve um custo de apenas 4,5 milhões e lucrou incríveis 252, enquanto o segundo teve o dobro de despesa e receita de 276 milhões.

Annabelle (2014), filme de John R. Leonetti

Tudo isso nos leva a pensar um pouco os motivos que isso têm acontecido: Sejam eles relacionados a sétima arte chegar ao posto de segunda arte mais rentável, perdendo seu posto para os games; seja o lado do audiovisual estar cada vez mais caro (devido ao crescimento de novas tecnologias que encareceram os ingresso); ou simplesmente ao fato de cada vez mais filmes ruins ganharem espaço. Não se pode deixar de lado o fato de que os grandes blockbusters tem perdido totalmente seu espaço não só com o público, mas na mídia digital.

Isso tudo gera uma gigantesca questão que só o futuro irá responder: como o cinema pode se reerguer, perante ao domínio de outras mídias? O que acontecerá com o marketing? A evolução dos meios de comunicação matará o primogênito da indústria mundial?

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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