Os 20 anos de Blade, O Caçador de Vampiros
Criado em 1973, Blade nunca foi um dos personagens mais falados da Marvel Comics. Claro que o seu visual, seus conceitos e suas claras referências ao icônico Van Helsing em um mundo mais moderno, todavia, trouxeram uma leva de fãs para suas histórias. Com isso, 25 anos depois de sua primeira aparição, Hollywood resolveu trazer o personagem para as telonas. Em uma época em que as adaptações de quadrinhos não estavam na moda (Batman, de Tim Burton, era o grande sucesso), a ideia não parecia tão boa. Apesar disso, 20 anos depois, é possível perceber tudo não passou de tudo um ledo engano, já que Blade, O Caçador de Vampiros deu o pontapé inicial para o moderno cinema de heróis.
Em uma mistura de história de origem do protagonista e criação do universo, a obra conta sobre o meio-vampiro e meio-humano Blade, um homem que busca proteger a cidade de diversos vampiros. Para comandar tudo isso, a escolha foi de um nome com pouco contato na área de direção, tendo feito apenas o não-conhecido Death Machine, de 1994. Sua experiência estava mais no quesito de maquiagem e efeitos especiais, tendo trabalhado em Aliens, o Resgate, Alien 3, Gremlins, Hellraiser IV, entre outros. Stephen Norrington era o homem da vez, tendo o poder de fazer algo dar certo ou fracassar muito.
Com um orçamento de US$45 milhões e o nome de um dos grandes atores de ação dos anos 90 (Wesley Snipes), a estreia aconteceu em 19 de agosto de 1998, nos Estados Unidos – só viria chegar ao Brasil em 30 de outubro do mesmo ano. No fim de semana de abertura, tendo sido lançado em mais de 2 mil cinemas americanos, o longa arrecadou a bagatela de US$17 milhões. O público parecia estar se divertindo na trama que misturava explosões, terror, sangue e ficção-científica. A crítica, porém, nem tanto.
Dentre os diversos comentários negativos sobre o filme, a grande maioria estavam girava ao redor do roteiro “clichê e vazio”. O responsável pela escrita dessa adaptação foi ninguém menos que David S. Goyer, roteirista que não sairia mais do mundo dos super-heróis e conhecido por ter escrito o divisivo Batman vs Superman: A Origem da Justiça. As opiniões sobre o argumento realmente não estavam erradas. O roteiro é extremamente raso e usa de uma extravagante exposição para desenvolver seus personagens – mesmo que bem levianamente. Todavia, a menor importância de tudo parecia realmente ser ao gerar uma narrativa bem desenvolvida. Tudo era apenas um pano de fundo para mostrar diversas lutas e uma diversão sem fim, algo bem relacionado aos quadrinhos do próprio Blade. Inclusive, as lutas eram extremamente sangrentas, com uma busca por utilizar técnicas de efeitos risíveis nos dias.
O sucesso da película não chegou a ser estrondoso, mas foi o suficiente para não ser esquecido. Conquistando US$131 milhões mundialmente, logo foi garantida uma sequência programada para alguns anos depois, que seria dirigida por Guillermo del Toro. A divisão do dinheiro foi quase exata, tendo sido US$70 milhões nos Estados Unidos e o resto mundialmente, parecendo ter agradado bastante a distribuição (é importante lembrar que na época os valores mundialmente eram, na maioria dos casos, irrisórios comparados ao dos EUA).
Passados 20 anos, Blade, O Caçador de Vampiros parece ter sido um filme um pouco esquecido no tempo. Mesmo não sendo uma obra prima e nem ter alavancado tanto sucesso em qualidade quanto a saga X-Men, ele representou uma novidade para as adaptações de quadrinhos, ainda mais por ser um personagem pouco conhecido. Essas duas décadas talvez não tenham sido suficientes para colocar o longa em outro pedestal, um lugar onde – muito provavelmente – ele mereceria estar.