Oscar 2022 será marcado como aquele do tapa de Will Smith

O grande vencedor do Oscar 2022 foi No Ritmo do Coração – ou CODA -, mas parece que isso pouco importou. A cerimônia deste ano, talvez a primeira em uma recuperação do cinema americano pós-pandemia, ficará marcada para sempre com um dos momentos mais curiosos de todos os tempos: o tapa de Will Smith em Chris Rock. A história é antiga e foi comentada pelos diversos portais, mas, fato, eclipsou tudo que veio depois, e até mesmo antes, naquela noite, inclusive o In Memorian e a homenagem à Poderoso Chefão.

Mas vamos tentar entender como tudo aconteceu e primeiro compreender que a Academia buscou se renovar e atrair a juventude e, principalmente, as redes sociais para o seu lado. De início, com a criação da categoria de Melhor Filme Popular (vencida por Army of the Dead). Em segundo, colocando oito categorias para o escanteio, ao apresentá-las totalmente cortadas durante a transmissão televisiva. Um erro enorme, no qual se mostrou extremamente pago ao longo da apresentação. Essa, novamente, sem graça, comandada pelas atrizes Regina Hall e Amy Schumer e pela comediante Wanda Sykes. Era uma tentativa de aplicar a tão comentada diversidade e, ao mesmo tempo, dar uma resposta mais cômica para a apresentação sem apresentadores do último ano, que trouxe o recorde de pior audiência de todos os tempos.

Nesse sentido, parece que algo deu certo. Se em 2021 foram 10,4 milhões de telespectadores nos Estados Unidos, agora 13,7 milhões se disponibilizaram a assistir, de acordo com a Nielsen. Mudança pouco expressiva, mas fundamental para os possíveis novos olhares que a cerimônia terá. Agora é entender os motivos desse aumento: Será o possível novo padrão da apresentação? Será a treta? Serão os filmes? Aliás, esses últimos que parecem ter até perdido a vez e o espaço por completo. Sem grandes impactos nas aparições de Melhor Filme, e nem mesmo ganhando destaques esporádicos na festa. Eles apenas recebem o prêmio e tchau.

O Oscar 2022 tenta indicar caminhos de alguma mudança nos premiados, aliás. Pelo segundo ano seguido, uma mulher vence Melhor Direção. Além disso, No Ritmo do Coração é o primeiro longa de streaming (da Apple TV+) a vencer o prêmio principal da noite – Netflix foi esnobada, mais uma vez. Ariana DeBose foi a primeira mulher negra e LGBT a ganhar Melhor Atriz Coadjuvante. Pequenos entendimentos e caminhos sobre o que será o futuro. Aliás, dele é muito difícil discutir por agora, porque até mesmo a própria Academia está tentando entender se a premiação ficará marcada pelo showbizz ou pelo tapa (chuto o segundo).

Observando um pouco depois dos acontecimentos, é impressionante como tudo chegou a nada. Em mais uma cerimônia com mais fracassos que sucessos, o Oscar caminha a largos passos de se transformar em uma premiação irrelevante. Provavelmente irá demorar, já que tem uma importância adquirida, porém isso vai acontecer. E talvez cada vez uma velocidade maior, já que os próprios comandantes do maior prêmio da maior indústria do mundo, não parecem conseguir entender por quais caminhos andar. O Oscar precisa aprender a parar de errar tanto e de forma tão consecutiva. Quem sabe um tapa na cara não ajude esse caminho a andar de forma diferente.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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