Terra Selvagem e a solidão na imensidão gelada
O cinema estadunidense vive um grande ano no suspense, com filmes extremamente marcantes de bilheteria e também de crítica. Terra Selvagem não é diferente, entrando nessa lista de uma maneira incrível, como um dos maiores destaques de longas desse ano.
A obra conta a história do caçador de coiotes e predadores Cory, que, em uma de suas caçadas, encontra o corpo de uma mulher morta no meio da neve. Ele a reconhece como Natalie, uma antiga amiga de sua filha, que já está falecia a algum tempo. Por se tratar de terras federais, o FBI acaba adentrando na história com a agente novata Jane, que desconhece os perigos e mistérios que assolam a região.
Nos últimos anos, a arte cinematográfica tem falado muito em suas obras sobre o luto e as perdas e é incrível o como isso é realizado aqui. O mais interessante de tudo é que não são apenas perdas de parentes, mas também relacionadas a quem os personagens eram e não são mais, sobre o esquecimento e muito mais. Dentro de quase 1h50min de duração, a obra faz com que o telespectador sinta que também perdeu alguma coisa de si mesmo, ao fim de tudo. Além disso, seu controle sobre o público na tensão é perfeitamente realizado, principalmente no grande clímax, no qual você nunca sabe o que realmente vai acontecer.
A direção de Taylor Sheridan é sensacional, com alguns planos abertos que evocam uma estética da solidão, ao mesmo tempo, close-ups, que nos colocam dentro do impacto dos acontecimentos. Essa grande temática se aumenta na fotografia de tons extremamente saturados e frios, como o clima triste e abalado que aquela região vive a cada perda diferente.
Nas atuações, a dupla principal é a que mais se destaca, realizados por Elizabeth Olsen e Jeremy Renner. A primeira, leva uma inocência de não entender aquela cidade e seus dinamismos, quase como se fosse o olho do público descobrindo quem é quem ali. Já o segundo, está extremamente contido e tem seus momentos de destaque em grandes diálogos falando sobre seu passado. A expressão no olhar da perda é algo que ficará marcado para sempre na carreira do “Gavião Arqueiro”.
Um ponto que compõe extremamente bem a narrativa é a trilha sonora, que mistura momentos de extrema tensão e outros muito calmos e serenos, que complementam bem a ideia do longa. Alguns instrumentos indígenas também são utilizados, o que gera uma atmosfera muito interessante e imerge ainda mais na trama.
Se fosse possível elucidar algo que é errado nesse filme, seria a extensa duração do seu final. Tudo está perfeitamente bem encaixado, até que se torna necessário adicionar algumas cenas apenas para fechar as tramas, mesmo que sejam de personagens secundários, na qual pouco foram importantes no concluir de tudo. Mesmo assim, a mensagem final é importante e bela, ainda mais porque é desconhecida por praticamente todos.
Nota:
Resumo
Terra Selvagem por muito pouco não se torna uma obra-prima rara do cinema estadunidense nesse ano, mas, sem sombra de dúvidas, figura entre os grandes de 2017. É belo, triste, esperançoso, tenso e inesquecível.