Reclamações sem sentido sobre o VMA, considerando que eles fizeram o que dava
Bom, para começar, é necessário dizer que só de ter um VMA (Video Music Awards) esse ano a gente já pode considerar uma vitória. Em 2020, qualquer coisa que fosse entregue em relação à apresentações e premiações musicais já estava bom, já que uma parte primordial desses eventos são as interações sociais que eles proporcionam. Então, palmas para MTV por ter mantido a tradição que existe desde os anos 80.
Dito isso… Tinha tanta coisa melhor para fazer durante as quase 4 horas de evento. As soluções que tiveram, apesar de criativas, ficaram sem a personalidade do evento. A expectativa era grande e a emissora/produtora tentou entregar da melhor forma possível.
O VMA é conhecido por ter tapetes vermelhos icônicos, onde os artistas vão para causar, local em que não se levam a sério e têm a intenção de ser o mais comentado no Twitter durante o próximo dia. O vestido de carne da Lady Gaga, a Lil’ Kim toda de roxa com um seio de fora ou a Rose McGowan com um vestido que mostrava tudo são alguns exemplos de como um tapete vermelho é um dos grandes chamarizes para o prêmio.
Esse ano, os astros foram com uns looks “ok” e tiraram fotos num fundo aleatório, sem qualquer impacto ou força de vontade de fazer aquilo acontecer. Houveram algumas entrevistas, mas foi tudo muito esquisito, por saber que as pessoas estavam lá num espaço pra poder gravar uma coisa que deveria simular um ao vivo. Não era mais fácil colocar os artistas numa call e entrevistar eles por ali? Seria mais interessante e menos monótono ou forçado.
Forçado, na verdade, é a palavra que descreveu esse VMA. Com cada pausa e texto programado, a premiação ocorreu com um roteiro que vivia sem qualquer desvio do percurso e, consequentemente, não tendo emoção. Eu consigo imaginar Gaga passando 5 horas no estúdio tendo que trocar de roupa de 30 em 30 minutos, só para poder gravar um dos prêmios que ela já sabia que recebeu. Nenhuma demonstração de surpresa na platéia. Simplesmente ela sendo perfeita, com looks perfeitos, numa tela verde perfeita.
Inclusive a Gaga sendo a grande ganhadora da noite foi um dos pontos altos. Por ser um dos prêmios que celebra a cultura pop como um todo, é ótimo ver uma parte importante desse movimento contemporânea ser celebrada com vitórias, principalmente depois de entregar um dos trabalhos mais pop no sentido mais obvio do gênero esse ano.
Ela também recebeu o primeiro Tricon Award, premiação que substituiu o que existia para homenagear o Michael Jackson. Após as polemicas sobre pedofilia do cantor, o canal fez essa mudança sem qualquer aviso prévio, simplesmente criando um novo troféu para homenagear a obra do artista e a Gaga foi a primeira felizarda. E bem merecidamente, diga-se de passagem, já que os videos dela são ABSURDOS.
O resto dos premiados tiveram seus momentos de brilhar, com o The Weeknd se posicionando sobre os negros mortos injustamente por atividade policial – o que foi extremamente importante. Taylor Swift apareceu de pijama e o BTS recebeu muitos prêmios (merecidíssimos), o que foi muito interessante para uma premiação americana.
As apresentações também são outra parte que chamam atenção no VMA. Nunca cansado de nos dar performances iconicas desde o começo, como Madonna em “Like a Virgin”, passando por Brtiney Spears com uma cobra no pescoço e a Miley Cyrus semi nua rebolando no Robin Thick. Tudo isso é acompanhado das reações do público e de como elas acontecem, espontaneamente.
Acabaram que todas as apresentações ficaram parecendo videoclipes com vocais mais crus, porém claramente gravados. Sim, os fogos no The Weeknd foram incríveis, ver a Gaga trazendo Chromatica pro palco foi ótimo e até mesmo a Miley recriando “Wrecking Ball”. Mas nada que fosse tão legal ou diferente. Apenas gravado e feito perfeitamente. Para mim, que sou fã, estava de bom tamanho e fiquei animado, curti. Mas analisando friamente, poderia ter sido mais legal, montado uma zoom com convidados, sei lá!
Contudo já que estamos num texto opinativo posso falar que minhas performances preferidas são da Miley, por puro viés de ser fã, e a da Doja Cat, porque foi simplesmente linda e legal.
Uma parte boa de ter sido roterizado e montado como um seriado foi o tempo. Não foi cansativo ficar assistido. Esse ano trouxe velocidade, dinamismo e nenhuma enrolação. Isso poderia facilmente continuar nos proximos eventos. Assim como a apresentação de Keke Palmer. Ela foi divertida, com senso de humor e muito polida. Gostaria muito de ver ela no VMA de novo.
Apesar de sentir muita falta do formato original, eu sei que fizeram o que dava pra fazer. No final, gostei, só espero que as proximas premiações sejam um pouco melhores e mais inovativas no quesito interatividade. No fim, estou feliz de ter tido um tempo para descansar minha cabeça de tudo que tá rolando.