6 quadrinhos para conhecer Robert Crumb

Se você é um fã de quadrinhos, o nome de Robert Crumb, com certeza, já passou pela sua frente algumas vezes. Seja em autores destacando a influência dele em alguma entrevista ou até mesmo referências ao seu trabalho diretamente político de alguma obra. No entanto, se você está adentrando nesse universo da nona arte precisa, para ontem, descobrir o trabalho magnfício do artista americano.

Nascido em 1943, Crumb é um dos poucos remanescentes da primeira era de ouro das HQs underground pelo mundo. Seu trabalho é muito mais do que apenas alguma escatologia ou bizarrice, é uma espécie de sintoma de poder ser contra tudo e todos no período. O início da sua produção foi na década de 60, ali por volta dos 20 anos. Todavia, foi com Fritz the Cat que Robert começou a galgar o sucesso que possui hoje em dia. Depois disso, vieram grandes obras e a participação em muitas revistas B de quadrinhos nos Estados Unidos, como a Weirdo.

Com diversas publicações diferentes e diversas pelo país, decidimos reunir aqui 6 indicações para conhecer e apreciar mais o trabalho de Robert Crumb:

– América

Talvez sua obra mais difícil de se encontrar no Brasil atualmente entre as que serão lembradas aqui. Porém, caso ache esse lançamento de 2011 da Conrad, vale a pena demais a compra. América é, na realidade, um álbum complexo. Porém, acima de qualquer coisa, é um grande olhar irônico de Crumb para os Estados Unidos. Por isso mesmo, as referências e brincadeiras são diversas, passando desde Michael Moore e seus documentários até o intelectual Noam Chomsky. É importante destacar que o autor é politicamente incorreto desde sempre, portanto não se engane em encontrar piadas que podem soar ofensivas, mas que estão nos planos do artista de serem assim para causar reflexões.

– Gênesis

Se Robert não é politicamente correto sem com seu país natal, imagina com a Bíblia? Pois é, em Gênesis ele tenta retratar de tudo um pouco da história do livro sagrado, porém na perspectiva já conhecida. O papel principal desse lançamento de 2009 (também da Conrad) é buscar uma liberdade artística e estilística sobre tudo que acontece ali dentro. Desse jeito, é quase um: como seria a Bíblia se fosse pensada no mundo atual? Crumb tenta idealizar isso e faz com extrema perfeição.

– Viva a Revolução

Primeira das obras do artista lançadas pela editora Veneta que falaremos aqui, Viva a Revolução mostra um olhar claramente sarcástico para a formação dos Estados Unidos. De certa forma, tem uma espécie de relação conturbada com América, já que em ambos os trabalhos o quadrinista quer observar o país com uma imensa lente de possibilidades e de problemas. Desse jeito, a violência policial, o racismo, consumismo, aquecimento global e mais são retratados aqui sempre em uma vertente crítica. Uma verdade forma de revolução através da arte.

– A Mente Suja de Robert Crumb

Falando já de lançamentos mais recentes, impossível deixar de fora talvez o lado mais B do underground de Crumb. A Mente Suja de Robert Crumb, também da Veneta, traz todo o lado erótico e também preconceituoso dentro da produção do autor. Porém, é interessante que ele assume desde já que será misógino e racista ao longo da obra. E isso tudo serve como uma grande abertura para possibilidades narrativas e explorar os lados mais complexos e confusos da mente humana. No fim de tudo, se transforma em uma espécie de grande revisão psicológica sobre desejos, anseios e pensamentos da mente humana.

– Blues

Se tinha algum quadrinho que faltava ser lançado de Robert Crumb no Brasil era Blues. Aliás, se é possível dizer que o quadrinista tem algum trabalho “sério”, trata-se desse aqui. Mais uma vez, a editora Veneta é responsável pelo lançamento de 2021. No caso aqui, Crumb busca um olhar menos ironizado de tudo, atrás da construção histórico-temporal do Blues nos Estados Unidos. É uma realização muito mais investiga e com um olhar aprofundado sobre as condições de formação desse gênero musical. Como também músico, essa HQ é quase uma espécie de realização pessoal para o autor.

– Desenhados um Para o Outro

Falamos aqui bastante de Robert, mas como não abordar a complexidade e também grande trabalho por parte de sua esposa, Aline Kominsky-Crumb? Por isso mesmo, a Quadrinhos na Cia. publicou em 2018 por aqui a produção colaborativa de ambos, Desenhados um Para o Outro. A realização disso de forma tão complexa e curiosa também mostram as diversas facetas e possibilidades do artista analisado aqui. Em HQs quase românticas em certos instantes e bem menos ácidas, talvez seja uma das introduções mais curiosas e intrigantes para a complexa mente de Robert Crumb.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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