Happy e Legion: a insanidade dos quadrinhos na TV
É inegável para muitos que atualmente a televisão se encontra em uma “era dourada”. No entanto, é possível perceber que muitas séries de TV ainda possuem tramas abaixo da média. Não se trata apenas do quesito financeiro, mas do fator originalidade. Cada vez mais, tal fator se mostra escasso em um mar de produções semelhantes. Nesse contexto, os seriados baseados em quadrinhos acabam se tornando um caso à parte, devido ao sucesso mediano que conseguem. Mediano pois apesar de terem conquistado um público fiel, ainda não há unanimidade entre o público e a crítica. A grande questão é que as duas obras mais insanas e diferentes dos últimos tempos saíram justamente desse subgênero, ainda que mostrem o total oposto de outras adaptações de quadrinhos. São elas “Legion” e “Happy”.
Em um primeiro momento, pode-se pensar no quão original essas adaptações seriam, justamente por se tratarem de adaptações. É este o ponto-chave: a maneira de contar a história. Enquanto “Legion” leva o lado psicodélico dos poderes de seu protagonista ao extremo, “Happy” aborda temas extremamente pesados de tal forma que seu próprio autor (o quadrinista escocês Grant Morrison) amaria ver. É muito corajoso inserir novidades no meio televiso quando o público atual está acostumado com linhas narrativas cada vez mais ambiciosas.
Apesar de aclamadas pela crítica especializada, ambas as séries ainda sofrem com o seu curto poder de alcance, principalmente com os fãs da nona arte, que acabaram se acostumando com os filmes de heróis. As tramas são bem mais complexas e apresentam diversas camadas, chegando até a serem confusas em diversos momentos. Tal fator acaba não atraindo a grande massa dos telespectadores. Isso não chega a ser uma crítica, já que cada um consume o conteúdo que lhe agrada, mas a constatação do momento que o audiovisual se encontra. Para ambas se tornarem realmente bem quistas e conhecidas, seria preciso investir em medidas narrativas mais populares, o que é pouco provável.
O mais interessante disso tudo é que elas não vêm de canais consagrados em seu país de origem. Enquanto “Happy” é transmitida pelo SyFy – emissora conhecida mesmo por “Stargate” e a franquia de longas “Sharknado” -, “Legion” passa no FX – que é realmente falada por “Family Guy”, “Spartacus” e “American Horror Story”. Esse pode não ser um quesito diferencial ou invador, mas mostra como o espaço dos antigos canais “grandes” têm sido perdido pelo posicionamento das programações acabarem se tornando repetitivas. Nomes como History Channel, Netflix e AMC acabam sendo a casa de grandes seriados atualmente.
Se algumas outra obra baseada em quadrinhos atingirá o nível alcançado por essas duas, é realmente difícil de imaginar. As possibilidades são infinitas, mas o cinema não parece dar indícios de explorar novos gêneros e a teelvisão, principalmente em relação aos heróis, parece querer seguir o padrão apresentado nas telonas.
Apesar disso, é revigorante notar um frescor no meio audiovisual e nada como uma boa série para manter sua fé em produções cada vez mais inovadores e diferentes.