O Coringa e suas versões ao longo dos anos

Todo grande personagem está destinado a aparecer em diversas encarnações, em diversas mídias.

E se isso pode ser dito, em sua maioria, para marcantes nomes da literatura, com histórias em quadrinhos não é muito diferente. Se Luluzinha, Batman, Snoopy e a turma da Mônica continuem atravessando gerações em diferentes encarnações, é apenas justo que seus coadjuvantes e vilões possam acompanhá-los. E é justamente de um desses vilões, possivelmente um dos maiores de todos os tempos, que falaremos hoje: o Coringa.

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Criado por Bob Kane, Jerry Robinson e Bill Finger, o Coringa surgiu na primeira edição da revista do Homem Morcego, em abril de 1940. Surpreendentemente, o personagem morreria ainda em sua primeira aparição, mas felizmente a editora interferiu na decisão dos roteiristas e o personagem permaneceu vivo para se tornar o arqui-inimigo do Batman e um dos antagonistas mais lendários da cultura pop.

O primeiro ator a dar vida ao ladrão sorridente foi Cesar Romero, em 1966 na clássica série Batman e no filme baseado na mesma. O ator cubano se recusava a raspar o bigode para o papel e o time de maquiagem simplesmente passava a tinta branca por cima. O engraçado é que pouca gente repara nisso até hoje. O clássico seriado, no entanto, tinha uma pegada bem mais simples e quase caricata para os padrões de hoje, com pé firme no humor e moralidade simples. Isso não torna o Coringa de Romero menos marcante, apenas mais colorido e descontraído do que seus colegas.

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Demoraria pouco mais de vinte anos para que o Coringa aparecesse novamente em carne e osso. Dessa vez, em Batman (1989), de Tim Burton. O filme que redefiniu uma era para os filmes de super-heróis e filmes de quadrinhos, a adaptação cinematográfica tinha uma proposta diferente: trazer uma Gotham mais séria, sombria e realista. Inclusive, a grande influência para Burton na hora de definir o tom do filme foi a graphic novel A Piada Mortal, de Alan Moore e Brian Bollard, onde o Coringa possui grande destaque.

Diversos atores foram considerados para interpretar o Coringa na adaptação de 89: Brad Dourif, John Lithgow, Tim Curry e até mesmo David Bowie e Robin Williams! Jack Nicholson, que já era uma das escolhas favoritas dos fãs para o papel, aceitou diante de grandes acordos e condições, como horários específicos, folgas para jogos de basquete e uma porcentagem da bilheteria adicional ao seu salário. O Coringa de Jack Nicholson, junto ao Batman de Michael Keaton, transforma o clássico embate entre esses dois personagens menos um jogo de gato e rato e mais um reflexo de como a violência e o crime tornaram-se elementos tão intrínsecos à cidade de Gotham.

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O sucesso do filme de Batman foi tamanho que deu origem a Batman: A Série Animada, em 1992. Uma das animações mais aclamadas da DC Comics, a série desenvolvida por Bruce Timm, Paul Dini e Mitch Brian compartilhava o mesmo DNA do longa, mas em uma escala mais acessível aos pequenos: um tom mais sombrio, temas sérios e complexos e uma modernização dos personagens e suas características. Um dos muitos destaques da série foi Mark Hamill e seu trabalho de voz dublando o Coringa. Em uma convenção, o ator até refez o monólogo famoso que Heath Ledger entregaria em 2008 (vamos chegar lá) e é claro que os fãs não perderam a chance de fazer uma edição inspirada usando cenas da animação. Confira:

Após os penosos filmes dirigidos por Joel Schumacher, o Homem Morcego e seu universo precisavam de uma reformulação. Se Batman Eternamente e Batman e Robin foram coloridos e infantis demais, o estúdio buscava exatamente o contrário. Por isso, em 2005 estreava Batman Begins, com uma nova proposta e uma nova origem e visão para Bruce Wayne, Gotham e seus bandidos. Talvez por ter tido tanto sucesso nesse fator é que os fãs não gostaram nadinha quando foi anunciado que Heath Ledger seria o próximo ator a carregar a maquiagem branca e o sorriso vermelho nas telonas.

Na época, Ledger era mais reconhecido por sua atuação em filmes que em nada lembram o trabalho de Christopher Nolan, como Brokeback Mountain, Coração de Cavaleiro e 10 coisas que eu odeio em você. Até hoje, é possível encontrar os comentários nada gentis dos internautas sobre a escalação do australiano para o papel. Não é preciso dizer, porém, como tudo isso mudou após o lançamento de O Cavaleiro das Trevas. 

11 anos depois, a atuação de Ledger como um Coringa baseado em anarquismo e jogos psicológicos é reconhecida não só como uma das melhores interpretações em um filme de quadrinhos, mas do cinema em geral. Em 2009, Ledger ganhou postumamente o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo seu trabalho.

Também lançado em 2008, Homem de Ferro inaugurou uma nova era para o cinema de heróis e ainda trouxe o hoje incansável universo cinematográfico compartilhado. Foi apenas em 2013 que a DC Comics decidiu tentar seguir a mesma linha, com Homem de Aço e, em 2016, sua sequência Batman vs Superman: A Origem da Justiça. No entanto, o Coringa deste novo universo ainda demorou um pouco para aparecer outra vez: ele só retornaria de vez com Esquadrão Suicida, o filme do famoso time de vilões e anti-heróis.

É seguro dizer que o filme de David Ayer era até mais esperado do que A Origem da Justiça (que trazia pela primeira vez a união da trindade Batman, Superman e Mulher Maravilha em live-action), graças ao elenco de peso, um excelente teaser e muitas notícias dos bastidores. Jared Leto, que havia acabado de ganhar um Oscar por sua interpretação em Clube de Compras Dallas, era o novo escolhido para o papel do Coringa. Sua imersão na psiquê do personagem e como isso estava afetando seus colegas de elenco eram notícia diária nos sites de fofoca e de cinema. Com um visual, no mínimo, intrigante, o filme estreou em agosto de 2016 e a recepção ao novo Coringa não foi nada calorosa.

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Se a culpa é da interpretação de Leto, da caracterização exagerada, ou dos mil cortes que o filme sofreu na sala de edição após a recepção mista ao tom sério de Batman vs Superman, nunca saberemos. A única certeza é que, assim como o filme, o Coringa meio rapper, meio gangster foi uma das coisas mais esquecíveis e desconfortáveis das adaptações de HQ.

Na televisão, há muitas versões animadas, como a do célebre trabalho de Mark Hamill, mas apenas uma em live-action. Gotham estreou em 2014, quase como um prequel do Batman, focando nas aventuras de Jim Gordon assim que ele chega a cidade e começa a se envolver com seu mundo de crimes, mafiosos e super vilões. É claro que a galeria de bandidos da série é imensa: Mulher-Gato, Hera Venenosa, o Pinguim, Charada… Todos possuem seu momento de brilhar na produção da FOX. Porém, aqui há uma interessante reviravolta.

Na história, conhecemos os gêmeos Jerome e Jeremiah Valeska. Ambos são adaptações de características diferentes do Coringa, já que o seriado não possuía permissão direta para adaptar o personagem. Enquanto o pessimista Jerome age através da liderança de um culto, espalhando caos e anarquia por Gotham City, Jeremiah é mais sério, frio, cruel e calculista. Não há uma confirmação dos autores sobre qual dos personagens de fato se tornaria o vilão, mas para os fãs, é Jeremiah. O grande destaque dessa versão, além da narrativa inesperada, é a ótima atuação de Cameron Monaghan, de Shameless.

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O último a entrar no corredor da fama é Joaquin Phoenix, agora não mais um antagonista ou vilão recorrente, mas o protagonista de sua própria história. Escrito e dirigido por Todd Phillips (de Se Beber, não case), o filme solo traz uma nova origem para o Coringa. O longa estreou nos cinemas no dia 4 de outubro. Confira aqui a crítica.

E aí, qual seu favorito? Deixa aí nos comentários.

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