A hipnose de David Bowie como Ziggy Stardust

David Bowie é, definitivamente, um dos maiores nomes da música de todos os tempos. Sua morte em 2016 nada apaga o legado construído ao longo de todo esse período de tempo. Sua força histórica passa muito mais do que a arte, adentrando a moda e, princiaplmente, a expressão popular do jeito de ser. Bowie é uma das figuras marcadas na cultura sobre liberdade sexual e de estilo, sempre sendo a figura andrógena e apresentando-se como queria. Isso tudo foi fundamentado através de suas marcantes fases, sendo construídas imageticamente através de seus álbuns. Uma delas, talvez a mais famosa, foi o Ziggy Stardust.

No pub Toby Jug em Tolworth, na Inglaterra, o artista apresentou esse alter-ego. A história era de um alienígena na qual chegava em solo terrestre e acabava fazendo sucesso com sua banda de rock: The Spiders from Mars (algo como As Aranhas de Marte). Nisso, David cria seu CD The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars, talvez seu trabalho mais aclamado até atualmente. É uma leitura mais rock e mais conceitual, gerando toda uma temática dentro da produção para contar sobre a ascensão e queda dos diversos artistas. Bowie se utiliza das músicas para trabalhar um lado da imagem muito forte e transformar-se na figura que é reconhecida, com suas roupas totalmente extravagantes.

Essa fase acabaria um pouco depois do dia 13 de abril de 1973, quando ele lançaria seu próximo álbum, Aladdin Sane. Contudo, o cineasta D.A. Pennebaker resolveu filmar o seu último show ao vivo como Ziggy. A apresentação geraria o documetnário Ziggy Stardust and the Spiders from Mars, na qual conta a história do concerto no dia 3 de julho de 73, no Hammersmith Odeon, em Londres. Lá, o astro pop do momento dava adeus a essa figura totalmente reconhecida pelo mundo, deixando marcas e legados até hoje. Ele nunca resolveu realmente retorná-lo, talvez por toda a trajetória catastrófica do álbum, mas seus pés estão na história da música.

Isso é mostrado muito bem no filme, com a utilização fortíssima de um Bowie dos bastidores, preparando-se para o show e metade desconstraído e na outra metade concentrado. Rememora até bastante o trabalho de Beyoncé no Coachella: Beyoncé para ser mais claro. A sua intensidade dentro dos palcos apenas reverberava toda a treatalidade presente nos seus gestos, na maneira de cantar cada canção. É realmente possível ver sua entrega e a sinergia da entrega do próprio público também presente, mal sabendo que estavam vendo a derradeira apresentação daquele ser de outra terra na frente deles.

Toda sua intensidade são recompensadas em anos posteriores, fazendo fãs eternos de sua obra. Até os dias de hoje, a cada nova 24 horas passadas, novas pessoas conhecem mais e repercutem toda a figura de David Bowie, porém sem saber como estavam influenciadas até esse mesmo dia. Elas procuram online suas informações, sem saber que a roupa na qual vestem tem relação. Elas procuram novas músicas produzidas pelo pop atual, sem saber suas inspirações. Ele acabou por simplesmente estar na terra para transformar-se em onipresente da cultura pop ao longo dos anos seguintes, simplesmente por essa turnê, por esse trabalho.

Obviamente que Bowie já havia feito um certo sucesso dentro dos Estados Unidos. Para quem não lembra, em 1969, ele divulgada ao mundo inteiro a clássica “Space Oddity”, ou, para os mais íntimos, “Ground Control to Major Tom”. Ali, o artista já havia marcado um certo nome, porém até então mais na parte musical. Todo seu lado estético foi fundamental para seu sucesso e a transformação não apenas do rock, mas da arte mesmo de uma forma mais geral.

Mesmo sendo laçado apenas em 1983, Ziggy Stardust and the Spiders from Mars traz imagens icônicas e na qual jamais deveriam ser esquecidas. Traz imagens de um ídolo de uma geração se colocando ao máximo nos palcos e jogando de frente todo o seu papel de necessidade a buscar novidades. Enquanto estamos aqui discutindo o passado, Bowie olhava para o futuro. Talvez para até 2019. Talvez apenas para as estrelas.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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