A volta de Conan para as bancas
Houve um período remoto – há alguns anos – que ser fã de Conan no Brasil era um intenso problema. Os materias eram todos lançados apenas pela editora Mythos, sempre em grandes edições e com preços, consequentemente, altos. Pois tudo começou a mudar mais ou menos em 2017, quando a editora Pipoca e Nanquim resolveu trazer, pela primeira vez, os contos originais de Robert E. Howard para nosso país. Esse mesmo período, por uma enorme coincidência, foi o início de uma volta do personagem na moda. O maior ápice de tudo? A notícia do retorno de Conan para a Marvel.
A Panini, agora em 2019, começa a publicar essa fase. O melhor de tudo é ela vir com um adendo especial. Esse é que serão duas histórias alternando cada mês: Conan, o Barbáro e A Espada Selvagem de Conan. Para complementar tudo, a editora ainda retomou a série na qual seria lançada pela Salvat, com as primeiras histórias em quadrinhos do personagem. Esses volumes serão separados e não terão relação alguma com os mais recentes lançamentos nas bancas. Aliás, existe uma relação pelo fato da atual mensal da Marvel ser uma continuação desses clássicos. Porém, é apenas isso mesmo, visto que a trama continua.
Para essa atual trajetória saída inédita em nosso país, Jason Aaron foi o nome escolhido para comandar os roteiros. Ele, com uma trajetória de histórias épicas e diferentes, como o caso de Thor e Escalpo, por exemplo, toma voz aqui para contar uma trama igualmente épica. Conan terá de enfrentar desafios em cada edição, todavia, a narrativa já traz uma expectativa e todo um embelesamento únicos. Para os fãs mais antigos do personagem e de suas aventuras, todo esse início já causa um arrepio e um frio na barriga.
Para o lado dos desenhos foi escolhido Mahmud Asrar. Esse, reconhecido dentro da Marvel pelo seu traço bastante visceral, traz isso diretamente aqui. A colocação é de uma mistura tanto estranha como chamativa de uma arte mais “quadrinística” – com traços mais grossos, movimentação bem forte na ação e uma colorização dispersa -, tanto um lado mais sóbrio da trama, com quadros maiores. Toda essa sua maneira eleva ainda mais o sentido interno e a proposta de mistura entre o gigantesco e as pequenas batalhas.
Com tudo isso colocado, é impossível ser um fã da era dos bárbaros e não se empolgar. Voltou a uma força da mania com Conan presente nas narrativas pelo mundo. Talvez sua existência tenha sido até apagada por uma repulsa aos padrões sociais estabelecidos, porém é interessante como a história atual tenta trazer esses novos elementos da sociedade. As mulheres aqui são tão fortes e menos sexualizadas a todo momento, podendo bater de frente ao protagonista em todos os tempos.
A questão final fica se essa fase poderá também dar recursos para novos filmes. Enquanto os originais de Arnold Schwarzenegger permanecem intactos, com um grande respaldo de diversão dos anos 80, a mais recente produção, de 2011, com Jason Momoa foi esquecida no tempo. Talvez a maior espera dos fãs das HQs e dos contos de Roward seja para uma volta triunfal do personagem para as telonas. E isso, com todo esse movimento, parece estar cada vez mais próximo de voltar a tona. A era de super-heróis faz sucesso com o público mundial. Por que Conan não poderia?