As 8 HQs mais influentes da história do Batman
Em 2019, é comemorado o aniversário de 80 anos de um dos personagens mais marcantes da história dos quadrinhos: o Batman. Originado da edição 27 da Detective Comics (originalmente com a data de publicação para maio de 1939, mas tendo saído no final de março do mesmo ano), o Cavaleiro das Trevas possui Bob Kane e Bill Finger como seus criadores. As influências para a formatação da mitologia e de suas próprias características físicas vão desde Leonardo Da Vinci, heróis de revistas pulp de espionagem e o filme O Morcego, de 1926.
Para celebrar a data, vamos listas as 8 HQs mais influentes e marcantes da história do herói, que se tornou um símbolo para a DC – e para a cultura pop – até os dias atuais. Nesse especial, buscamos listar as histórias famosas e também comentar um pouco de sua relevância a essa trajetória octogenária:
– O Cavaleiro das Trevas
Impossível não começar com talvez sua grande obra-prima. Batman: O Cavaleiro das Trevas se tornou não apenas um clássico do homem-morcego, mas também se sustenta como uma das maiores obras para a nona arte de todos os tempos. A trama, escrita e desenhada por Frank Miller, relata uma Gotham City sem seu vigilante mascarado depois de um tempo. Miller, assim, foca na repercussão dos jornais, população e vilões sobre um possível retorno do Cavaleiro das Trevas.
Nessa HQ, é discutido um tratado quase moralista e filosófico sobre a concepção de heróis perante a opinião pública. É interessante a forma dos momentos sempre tensos entre o protagonista e Superman, idealizado por um pensamento de nacionalidade americana e defesa dos Estados Unidos em foco. Dessa forma, o livro, publicado em 1986, gera discussões profundas e traz também o questionamento: Bruce Wayne seria um anarquista ou um fascista? Polêmica, relevante e questionadora até os dias de hoje.
– A Piada Mortal
Alan Moore continuou marcando os quadrinhos durante o período com a publicação de A Piada Mortal, publicada e feita apenas como um one-shot (história única e curta). Após ser tratado muito mais como um mero vilão do que possuindo um desenvolvimento em cima de sua trajetória, aqui o Coringa busca esse devido tratamento. Sua vida é analisada, pensada e pode até ser observada sob um viés psicanalista.
Publicada em 1988, a obra traz uma fundação bastante única e perversa, na qual o vilão tentará de todas as formas fazer o Batman ficar louco. Para isso não existem métodos pequenos, se o objetivo é ser extremo, a tentativa também será. A arte de Brian Bolland (marcada por diversos enquadramentos únicos) salienta mais ainda todo esse clima, pertencente bem claramente a uma mitologia da cidade do herói.
– A Queda do Morcego
Tendo saído entre 1993 e 1994 na fase regular do personagem – e no período de publicação de A Morte de Superman -, A Queda do Morcego vinha com a vontade também de desafiar os limites do outro carro-chefe da DC. Bane aqui é o vilão, surgindo de forma a contrapor o Cavaleiro das Trevas pela sua força física, algo nunca tão destacado em suas principais características.
Apesar de não ser uma das sagas mais aclamadas pela crítica e pelo público, o diferencial vai muito mais em torno de entender mais sobre esse antagonista e buscar discussões a cerca de uma possível substituição ao Batman. Será que ele realmente é único ou possui algo diferente dentro disso? Será que seu fundamento em não matar pode ser o principal e acabar salvando sua vida?
– Morte em Família
Jim Starlin e Jim Amaparo realizaram essa, na qual se trata de uma histórias mais traumáticas das HQs americanas. Decidida por votos dos leitores, a morte do segundo Robin, Jason Todd, é até hoje extremamente chocante pela forma realizada: por um vilão marcante e de maneria totalmente chocante.
É mais interessante ainda a maneira quase toda subjetiva que a violência é retratada aqui, sempre de uma forma aberta e sem mostrar diretamente, fato causador de ainda uma maior tensão por parte do público em Morte em Família. Isso ainda é alimentado por toda a construção dramática de amizade, companheirismo e relação de pai/filho entre Bruce e Jason, algo transformado em um panteão de emoções ao fim das páginas.
Como vimos nessa lista, o ano de 1988 não estava sendo fácil para o homem-morcego em termos de disputas emocionais, mas também foi maravilhoso para os fãs sedentos de tramas realmente inovadoras após um longo período de uma certa mesmice no protagonista.
– A Corte das Corujas
Os Novos 52, inciativa da DC em reiniciar seu universo regular, parecia ter sido um fracasso para grande parte dos personagens da editora. Para além da total aclamação de Aquaman, o outro personagem extremamente bem cotado por sua nova trajetória foi o Batman. E a principal justificativa para isso se encontra na entrada de Scott Snyder no time criativo dos roteiros e sua primeira saga: A Corte das Corujas.
Em um certo retorno para uma narrativa menos espalhafatosa e megalomaníaca, Snyder prefere trazer aqui um embate menor, porém não menos relevante. O detetive das sombras precisa destruir a organização secreta corte das corujas, responsável por simplesmente comandar por completo Gotham City. O que parecia ser uma lenda, inicialmente, vai ganhando contornos de realidade com o passar do tempo, fazendo o herói ter desafios cada vez mais reais.
A saga, iniciada em 2011, trouxe de volta toda o conceito de detetive secreto e investigativo do personagem, perdido nos últimos tempos, fato que acabou sendo uma constante durante grande parte de sua trajetória nos Novos 52.
– O Longo Dia das Bruxas
Retornando aos anos 90, é impossível fazer essa lista sem citar O Longo Dia das Bruxas, história publicada entre 1996 e 1997. Sob a tutela de Jeph Loeb e Tim Sale, a trama se desenvolve em torno de um assassino apelidado de Holiday (feriado), que tem matado diversas pessoas envolvidas com tráfico e a máfia de Gotham nos dias de feriado.
Novamente, temos o protagonista investigador, que busca analisar pistas, numa HQ até bastante longa, porém igualmente tensa. Os roteiros ganham cada vez mais complexidade, a cada novo feriado que aparece, algo gerador sempre de uma expectativa no leitor para tentar desvendar o autor dos atentados e saber qual poderá ser sua nova vítima.
– Asilo Arkham
Se o suspense e o drama acabaram se desenvolvendo como gêneros predominantes para o Batman, faltava algo realmente macabro. É isso que Grant Morrison busca realizar em Asilo Arkahm (1989), sob os desenhos perturbadores de Dave McKean e a inspiração clara em Alice no País das Maravilhas e no surrealismo, especialmente nos traços.
Durante a narrativa, descobrimos mais sobre toda a história da instituição abrigadora dos vilões da cidade, além da relação com Batman no meio disso. E, mais importante de tudo, ele ainda precisa fugir do local infestado de pessoas buscando sua morte. É um enredo traçado sempre no conceito da fuga e da descoberta, relembrando muitos filmes de terror dos anos 70 e 80.
– Detective Comics 27
Bom, para finalizar essa lista não se pode esquecer do estopim de tudo. A Detective Comics 27, de 1939, trazia um novo personagem, cercado de mistério e entulhado de referências à cultura pop, cultura da qual o próprio Batman logo se tornaria uma das figuras mais emblemáticas.
Bob Kane trouxe uma diferencial do que já estava no mercado em termos de poderes. Nessa história, seu objetivo era o confronte diante um antagonista comum, podendo ser o herói de qualquer outra história pulp de anos anteriores. Sua falta de poder, seu trabalho de detetive, sua trajetória mundana e suas características sombrias começaram a atrair leitores do mundo inteiro. Quem imaginou que 80 anos depois, ele teria muito mais histórias para contar.