Coluna do Pedro | Anitta: Made In Honório

Recentemente, a cantora Anitta lançou sua mais nova série documental pela Netflix, Anitta: Made in Honório. Essa que retrata a sua vida por um período do final de 2019, onde a cantora estava focada em fazer o Rock in Rio, show em Madureira e um período de férias.

Lançada separadamente da série documental anterior, Vai, Anitta!, Made In Honório vem com a promessa de trazer o lado pessoal da cantora e uma intimidade maior para o telespectador. Chegando, também, como forma de comemorar os 10 anos de carreira da cantora. Ao todo, é dividida em seis episódios, onde cada um tem um tema e onde vemos Anitta em seus momentos de diva, de chefe, de vulnerabilidade e todos os outros aspectos. 

Comum de um documentário de artista, onde esse faz parte da produção e está controlando tudo, existe um viés de exaltação para tudo que a cantora fez e conquistou. Sim, é um documentário feito e editado para o público chegar a conclusão que a Anitta é foda pra caralho. E, tudo bem, porque, pessoalmente, eu acho isso mesmo (hehehe). Toda a construção em volta de mostrar de onde ela veio para onde ela está, como ela faz questão de lembrar sempre do povo de Honório e suas originens, é tudo muito bem amarrado para que ela seja encarada como (usando o trocadilho mais velho possível para falar dela) PODEROSA. 

Ao longo dos capítulos, vemos pequenos pontos que levaram a cantora estar onde está. Tem uma preocupação de explicar a trajetória, passando por seu tempo na Furacão 2000, o lançamento de Show das Poderosas e como ela foi se tornando a maior cantora do país. 

Na obra como todo não existe uma linearidade. Cada episódio é conta os mesmos momentos de perspectivas diferentes, o que poderia ser muito bomk se fosse bem construído. A linha do tempo é confusa, os acontecimentos da carreira são embolados com depoimentos pessoais e memórias. Não existe uma datação clara, o que atrapalha o espectador de se situar com o que a cantora quer passar. Em um momento ela está nos contando sobre cantar no coral da igreja e na cena seguinte corta para ela de férias com os amigos e família. É muita coisa para absorver e tentar encaixar com os outros pedaços jogados pelos episódios. 

Geralmente em produções do gênero que seguem artistas, existe um objetivo final que dará sentido a contar essa história. Seja um show, um lançamento, a morte do artista, ou a entrega de um projeto especial, como Vai, Anitta!, que focava no Check Mate. Mas aqui, como uma das questões era mostrar a cantora em seu pessoal, o senso de urgência e expectativa geralmente criada por uma narrativa não existe. Não tem uma narrativa. 

Sim, o ponto final era o show em Madureira, que junta o emocional e o profissional em uma única apresentação, mas não é bem trabalhado. O público já sabe que deu certo pois é atingido por flashes do show em todos os episódios e ela comemorando o show o tempo todo. Não dá pra encaixar o porquê da bronca que ela dá em tal funcionário era tão necessária se, no primeiro episódio, já sabemos que deu tudo certo. Não é um documentário bem construido em sua narrativa. 

Se isso foi um incomodo para mim, que sou fã assumido da cantora e acompanho fielmente sua carreira e vida pessoal, não consigo imaginar como alguém que está por fora desse universo vai ter o interesse em continuar assistindo, já que não existe um cliffhanger ou algo que te mantenha focado numa narrativa objetiva. 

Por outro lado, quando mostrado o lado vulnerável e sensível da artista, isso é atingido com maestria. Com uma confissão de quebrar o coração no primeiro episódio é logo entedido o foco e motivação da cantora por continuar sendo quem é. E, com ajuda de depoimentos de família e amigos, a imagem dela como alguem que é uma artista fodona e que conquistou muitas coisas, também tem um lado sensível e humano, além dos gritos, reboladas e hits. 

Parece muito claro a vontade que existe de separar a persona Anitta da mulher Larissa. Esse interesse parece novo e diferente para a cantora, não explorado anteriormente. Por isso não consigo deixar de pensar que existe um interesse em preparar terreno para o seu futuro lançamento e aposta definitiva para o mercado internacional: Girl from Rio. Talvez essa separação entre as duas e a Larissa começando a ganhar holofotes faça sentido para como a Anitta quer se posicionar internacionalmente e trabalhar essa nova era. Mas isso é apenas especulação de fã. 

Confuso, porém com muito conteúdo para os fãs de Anitta, Made In Honório faz um excelente trabalho em mostrar o lado mais humano da cantora, sem deixar de mostrar o quanto ela batalhou e o quanto ela é foda de estar onde está. Com possíveis polêmicas oriundas do seu relacionamento com sua equipe, com os fãs e declarações, críticas e elogios vão surgir, mas, claro, sem deixar o nome Anitta sair das redes sociais. Falando bem ou falando mal, desde 2010, a cantora não sai da boca do brasileiro. 

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