Crítica – Batman: Silêncio

O começo de Batman: Silêncio misturam a calmaria e a ação na qual fazem parte da obra. Logo nos primeiros instantes, é possível ver Bruce Wayne (Jason O’Mara) tentando interagir em uma festa, apesar de não conseguir muito. Sua única amizade ali presente, Thomas (Maury Sterling) o tenta trazer para a celebração, porém ele parece renegar. No entanto, quando uma situação acontece, ele é obrigado a ir de Batman atrás de Bane, sofrendo graves consequências por isso. Parece uma história tradicional do homem-morcego, não é mesmo? De certa, inclusive, é. E por essa questão a obra parece tão rotineira e já vista antes.

É intrigante pensar o porque para a próxima animação das adaptações da DC tenha sido escolhida essa. Dentre outras gigantes possibilidades para poder explorar esse universo de Gotham City agora estabelecido, usa-se uma trama muito rasa para tratar dos assuntos. Não há em nenhum momento aqui uma pretensão de explorar mais dramaticamente cada uma das atitudes, tudo sendo renegado para um lado de ação. O diretor Justin Copeland, em seu primeiro trabalho na direção, igualmente não as resolve bem, buscando a luta pela luta. Seria interessante se ele caminhasse por esse lado em toda a narrativa. O problema é que o longa busca tentar desenvolver certas relações ali presentes – talvez o ponto mais funcional de tudo.

Nisso, a relação mais desenvolvida propriamente é a Bruce e Selina Kyle, a Mulher-Gato (Jennifer Morrison). Apesar do Batman saber quem Selina é, essa não sabe sobre a real identidade do cavaleiro das trevas. Esse fato até desenrola certas interessantes ações entre os dois e uma relação de amor/brigas, contudo acaba indo bem mais para um lado mais cartunesco na hora da revelação – sem impacto dramático nenhum – e deixando isso como um simples acontecimento. Se a relação de ambos é até bem trabalhada por possuírem um certo desejo e um lado meio de tensão sexual a todo instante, isso não pode ser dito sobre quando eles relamente descobrem a identidade de cada um. Tudo é transformado em raso demais.

Toda essa situação ainda vale bem para a aparição dos vilões aqui. Coringa, Bane e Hera Venenosa servem muito mais ao tratado maior da história, isso é claro. Todavia, eles parecem sempre deslocados e aparecendo do nada para ir a lugar nenhum. Um bom exemplo é o primeiro, na qual tem uma aparição por uma situação de sequestro em que a Arlequina vai ajudá-lo. Entretanto, sua aparição rápida no fim para servir em um peso maior para o protagonista (inclusive com a cena perante Jim Gordon), acabam só soando passageiras. Caso tivesse acontecido com algum outro personagem, a sequência teria o mesmo impacto visual e na trama.

O antagonista serve ainda mais para essa questão, pelo lado de ser simplesmente exposto desde o início. Não é revelada logo de cara sua identidade, contudo as ações realizadas pelo mesmo sim. Ou seja, na HQ original, o fato dessa grande dúvida em torno das atitudes esquisitas dos heróis – algo realmente interessante de ser mais explorado e trabalhado – acaba sendo deixado de lado. Não há nenhum arco de tensão, nem pelo ponto de existir um temor da vida dos heróis, nem do suspense do que poderá acontecer. O Silêncio (Geoffrey Arend) fica ainda mais jogado na revelação final, havendo uma encenação da grande batalha climática simplesmente sem motivo.

No fim das contas, Batman: Silêncio perde as mais diversas oportunidades de poder desenvolver os pequenos arcos na qual abre. Se existe um lado interessante e até perspicaz da narrativa em impor determinadas situações meio caóticas aos protagonistas, a resolução dessas acabam por ser sempre ridiculamente fáceis e agilizadas. Não parece haver nenhuma necessiade de querer desenvolver mais algumas situações mais dramática, como a relação entre Bruce e Thomas, por exemplo. Parece um produto feito muito mais diretamente, sem querer possuir um real objetivo em buscar mais circunstâncias dessa história.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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