“Ele nunca foi levado muito a sério desde o início como lutador profissional”, diz Daniel Rocha sobre Irmãos Freitas

A história de Popó é talvez uma das mais conhecidas de esportistas brasileiros. Se o país pouco teve uma habilidade de conquista durante muito tempo em esportes de luta, Acelino Freitas quebrou essa barreira. Porém, como ele se tornou o que se tornou? Quando tudo começou? Quais foram os seus primeiros passos na carreira profissional? É sobre tudo isso que Irmãos Freitas busca retratar.

“Eu acho que é uma história que a gente ta retratando que pouca gente conhece. Eu também não conhecia, que o irmão dele era um grande lutador, que ele teve que realmente mostrar, acima de tudo para mãe e para o treinador, que ele tinha possibilidade de ser um campeão mundial”, conta Daniel Rocha, na qual interpreta o protagonista na história, em entrevista ao Senta Aí. “Ele nunca foi levado muito a sério desde o início como lutador profissional. Ele teve que provar o valor dele. Muita gente conhece a parte dele de passar fome, mas isso mostramos com imagens. A questão principal é que ele era reconhecido nos arquivos, só existiam imagens mesmo, dele como lutador, mas isso era totalmente diferente do início”.

Toda a parte de sua infância não é realmente trabalhada, mas como Popó teve de ultrapassar barreiras para fazer seu nome. Na verdade, quem realmente parecia ter um grande projeto pela frente era seu irmão, Luis Claudio, feito por Rômulo Braga na produção. Esse já se mostrava como um multi-campeão e uma grande possibilidade de sucesso. Enquanto isso, Acelino era olhado apenas com a necessidade do estudo para fugir da vida pobre da família no interior da Bahia. Todo esse embate entre ambos é, então, o ponto de partida para o seriado.

A ideia primordial para a realização dessa obra era, na realidade, nos cinemas. Como conta Sergio Machado, um dos criadores, todo conceito inicial dele com Walter Salles era fazer um longa mesmo. Depois acabaram percebendo como aquela história era complexa demais e que daria uma história de 5 horas, mais ou menos. “Aí quando a gente estava prestes a desistir, o Fabiano Gullane [produtor] disse ‘bom, se ele não cabe num longa, por que não fazer uma série'”, revela. Salles disse que não queria algo simples. Fazendo uma série, era para ser algo diferente, em uma qualidade próxima de cinema. Nasceu, assim, Irmãos Freitas, na qual também está sendo disponibilizada pela Amazon Prime.

“As séries tem nos permitido abrangência em países nos quais não chega a novela, e mesmo quando chega, se trata de públicos diferentes. Tenho sentido isso nesses últimos anos em relação a Um contra todos, da FOX, e intuo que no streaming será um novo público”, comenta o ator Roberto Birindelli, interpretando o olheiro americano responsável pela fama internacional do atleta.

Quando os testes começaram, Daniel disputou com outros 800 candidatos para a vaga do maior pugilista da história brasileira. Ele chega a contar que quando sua agente avisou sobre o teste, ficou feliz, mas intrigado, pelo fato de não ser nada parecido. “Ela falou, ‘não, mas eles não querem ninguém parecido, então pode ser que role’. E aí super rolou, tanto que fiz ele”, relata aos risos.

O ator, entretanto, não tem medo de dizer que houveram bem mais dificuldades do que facilidades para interpretar esse personagem. Para ele, a maior facilidade é “sem dúvidas”, como essa figura era extremamente bem humorada. Pelo outro lado, foram inúmeras.

“A primeira é que tive que descer muito de peso. Outra era fazer um personagem que existiu, ou seja, copio ou não copio, aonde pode copiar, quais trejeitos eu posso copiar. Pensamos que poderia copiar no boxe e, por mais que eu tinha sido ex-atleta, eu era de outro modalidade e tinha um estilo de luta diferente. O Popó tinha um estilo meio único dele”, continua. “O sotaque também era uma continua que eu tinha que ficar muito atento. Não era algo obrigatório, mas eu precisava estar”.

Rocha ainda completa dizendo chegou a treinar com Popó. Para ele, isso “ensinou como funciona no corpo dele” toda a questão da luta.

“A partir disso, eu entendi que era um estilo que tinha um funcionamento também para mim. Ele que me ensinou diversos trejeitos e maneiras de fazer, como os ataques dele. Isso completou bem o personagem e foi bastante interessante”, finaliza.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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