Primeiras Impressões: Zoey’s Extraordinary Playlist

Um dos maiores sucessos do cinema durante as décadas de 1950 e 1960, o gênero musical passou por um grande desgaste entre as décadas de 1980 e 1990, ressurgindo para o mundo após o estrondoso sucesso da adaptação de Chicago em 2002. O êxito do filme iniciou uma renascença do gênero tão poderosa nas telonas, que isso se expandiu para a televisão. De comédias adolescentes como Glee até dramas novelescos como Empire ou paródias como Crazy Ex-Girlfriend, o grande trunfo desse estilo é a liberdade fornecida para a narrativa e a história sendo contada. No dia 7 de janeiro, estreou Zoey’s Extraordinary Playlist, a mais nova série musical da NBC.

O grande questionamento de quem não curte esse tipo de conteúdo é o seguinte: qual é a graça (e o sentido) em ver as pessoas aleatoriamente dançando e cantando? A série traz exatamente uma “justificativa” para esses momentos: Zoey Clarke (Jane Levy) é uma programadora que está em busca de uma promoção na empresa onde trabalha, apesar do ceticismo de sua chefe Joan (Lauren Graham). Além de enfrentar o sexismo diários de seus colegas que acham que a patroa a favorece apenas por ser mulher, Zoey ainda se acostumando com a rara doença neurológica que afetou seu pai, uma condição que diminui drasticamente sua capacidade de se movimentar e se mexer. Preocupada com sua própria saúde, a moça resolve fazer um exame de ressonância magnética. O problema é que no meio do exame, um terremoto atinge a cidade. Após o acidente, Zoey percebe que é capaz de ouvir os pensamentos das pessoas ao seu redor através de canções muito populares. 

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A criação de Austin Winberg, que também escreveu o roteiro, tem uma premissa inicial que é tão cômica e quase lúdica, que a princípio esse parece ser o único rumo possível a ser tomado pela série. As canções escolhidas (Help!, dos Beatles, e True Colors, da Cyndi Lauper, se destacam mais nesse primeiro capítulo) mostram que a emissora investiu fundo nos direitos musicais, com as letras casando quase perfeitamente com a situação vivida pelos personagens no momento. E, ainda que se mantenha leve em sua abordagem, a série discute temas difíceis como luto, machismo no ambiente de trabalho e problemas familiares sem soar leviana.

O que não chama tanta atenção é a direção de Richard Shepard. Com um um plot que pede uma pegada mais vibrante e elétrica, as cenas do piloto são conduzidas de maneira pouco criativa. Os cenários de uma cidade como San Francisco poderiam ser melhor aproveitados nesse sentido. A coreógrafa Mandy Moore caprichou nos números musicais, que também são filmados com pouco esmero. Toda a graça de uma produção musical é esperar que a música tome conta da história por completo, e essa transição aqui nunca acontece de fato.

Ainda assim, a sempre carismática Jane Levy, ainda que seja uma das poucos do elenco a não soltar a voz, consegue carregar com competência o papel principal, que nas mãos de qualquer atriz menos comprometida poderia parecer apática. A participação breve, mas eficaz, de Lauren Graham também acrescenta positivamente ao elenco. E são esses fatores positivos superando os pequenos problemas que fazem de Zoey uma das séries da temporada para não perder de vista. O único problema, agora, é a própria NBC: o próximo episódio só vai ao ar no fim de fevereiro.

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