Resenha: O Sol Também é uma Estrela
Natasha, definitivamente, não está tendo um bom dia. Ela e sua família vivem em Nova York e estão a 12h de serem deportados para Jamaica, mas ela não está preparada para dizer adeus. Ela vive nos Estados Unidos desde dos oito anos de idade, já tinha feito planos para o seu futuro e não quer ter que construir uma nova vida em um país completamente diferente. Suas tentativas de impedir sua deportação a levam a um advogado de imigração. É em seu percurso que ela conhece Daniel, um jovem coreano bastante charmoso. Ela realiza uma entrevista de admissão para medicina em Yale com um ex aluno, no entanto Daniel não está muito animado. Na verdade, ele nem sabe se quer comparecer, pois sua grande paixão é a poesia. Afinal, é disso que o jovem é feito: paixão. De um lado temos um rapaz emotivo, acreditando em sonhos, destino e almas gêmeas. Já, do outro, uma garota cética, na qual crê apenas na ciência e nos fatos. Natasha é extremamente racional e se tem algo na qual ela esta convicta é na impossibilidade de se apaixonar por alguém em um dia. Mas, apesar disso, Daniel está certo de seu propósito em conseguir fazer a moça amá-lo nesse curto período.
Há uma expressão japonesa da qual eu gosto: koi no yokan. Não significa exatamente amor à primeira vista. É mais parecido com amor à segunda vista. É a sensação que a gente tem quando conhece uma pessoa por quem vai se apaixonar. Talvez você não a ame imediatamente, mas é inevitável que acabe amando.
Essa citação de Daniel esclarece tudo. Não é como se ele tivesse amado a garota no primeiro olhar, mas assim que a viu ele sentiu que poderia amá-la. A princípio, durante a leitura, você é time Natasha. Ninguém acredita que duas pessoas podem se apaixonar em um dia, mas com o desenrolar da trama sua perspectiva vai mudando. Isso porque Nicola Yoon, a autora, constrói uma narrativa em O Sol Também é uma Estrela tão recheada e tão sincera que – ao chegar na metade do livro -, você já vai estar apaixonada por esse casal e torcendo por eles como nunca torceu por nenhum outro. São personagens tão distintos, na qual despertam o melhor um do outro. É incrível quantas coisas podem acontecer em um dia e dentro delas quantas podem favorecer essa ligação.
Porém, uma história ficcional pode nos fazer acreditar em destino? Não achava provável até ler. Nicola cria algo tão simples e tão cativante a fim de nos fazer crer na possibilidade de acontecer com qualquer um. É bobo, porém é inevitável. Uma hora no meio da leitura você vai afirmar e se questionar: ”Isso poderia acontecer comigo” “Por que isso não acontece comigo?”.
Os capítulos vão se alternando entre a visão dos jovens, contudo também possui pontos de vistas de personagens secundários. A princípio, você não compreende a relevância disso, no que vai me acrescentar saber os pensamentos da segurança de um prédio? Entretanto, aos poucos, as peças do quebra cabeça vão se unindo. A autora colocou esses prismas para compreendermos o encadeamento das ações e das reações na qual levaram os protagonistas a se conectarem. Yoon não apenas elabora tão bem um destino, como também é notável sua pesquisa e inteligência sobre diversos assuntos. São esses capítulos “jogados” que fazem do enredo ser mais do que uma romance. Descobrimos coisas como a criação do estigma do cabelo africano, curiosidades sobre o universo e também sobre diferentes culturas.
Mesmo que não sejam aprofundados, debates importantes são levantados e sobressaem como plano de fundo. As questões e os problemas estão ali para formarem os personagens e encaminharem com a narrativa. É por isso que no livro tudo flui tão bem e vai além de uma paixonite ligeira. A história foca principalmente em mostrar como cada ato tem uma consequência e como algo que julgamos miúdo pode ser de extrema magnitude – e até mudar a vida de alguém, seja para melhor, ou para pior.
Os direitos do livro foram comprados pela Warner e o filme será lançado no dia 16 de maio de 2019. O elenco é composto por Yara Shahidi (Grown-Ish) e Charles Melton (Riverdale).
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