Revisitando Zumbilândia (2009)

Na cena inicial, Columbus (Jesse Eisenberg) diz sobre suas regras a serem seguidas em um apolipse zumbi. Ele demonstra casos de pessoas na qual acabam por não acompanhá-las e são mordidas em decorrência disso. Bom, esse início sendo descrito parece até algo meio bobo. Entretanto, o que tornou Zumbilândia um certo fenômeno cult americano foi o fato da sua estética brincar com esses elementos o tempo inteiro. É melhor morte de zumbi da semana, flashbacks em momentos aleatórios, a aparição de Bill Murray. Tudo isso transformou essa obra em uma construção bem particular, até gerando – agora – uma continuação, Zumbilândia: Atire Duas Vezes.

O diretor aqui é Ruben Fleischer, o mesmo do segundo e na qual ficou ainda mais lembrado agora por Venom. Naquela época, ele vivia o início de sua carreira como cineasta, tendo feitos apenas alguns trabalhos para a TV e curtas-metragem. Essa sera sua primeira chance em um longa. Por isso, o roteiro dos também novatos na época, Rhett Reese e Paul Wernick, causaram uma tratativa meio único. Era o uso de zumbis, que estava retornado para moda devido a produções como Madrugada dos Mortos, ao mesmo tempo que gostava de brincar com essas referências do gênero e trazer uma obra com maior frescor. Definitivamente, parecíamos estar vendo algo dos anos 90 misturado fortemente com os anos 2000.

Esses elementos são misturados aos personagens bem cativantes. Aliás, a ideia de trazer quatro, com desenvolvimentos necessários para todos, eleva ainda o patamar. Nos afeiçoamos e somos jogados para um mundo deveras hostil, aonde a morte pode estar em quaisquer canto. Além do protagonista narrador, temos Tallahassee (Woody Harrelson), Wichita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin) completando esse grupo principal para o andamento da narrativa. Nenhum deles possui uma relação dramática para lá de desenvolvida, contudo o mais interessante ali parece ser como seus comportamentos modificam diversos acontecimentos para dentro da história. É muito mais sobre uma certa relação de proximidade com os mesmos.

Tudo vai ocorrendo bem, até que os problemas apresentados começam. Na verdade, eles estão lá desde o início, porém transformam-se em mais claros no decorrer do enredo. O primerio é sobre um certo descompasso desse desenvolvimento. Ok, estamos acompanhando uma certa ideia de fuga dos zumbis, mas qual o foco aqueles personagens possuem? Nada parece fazer muito sentido em relação a esse ponto. Além disso, suas interações acabam soando sempre repetitivas, algo que fica extremamente claro na mansão de Bill Murray. São as mesmas piadas, as mesmas relações e até termina da mesma forma.

Esse contexto ainda eleva toda os questionamentos presentes sobre a relação entre Columbus e Wichita, na qual vai se desenrolando em um romance. O questionamento maior fica dos motivos para esse fato estar dentro das 1h30 de produção. São situações sempre desconexas e na qual não elevam em nada o sentido dos mesmos inseridos na narrativa. Há uma intenção verdadeira de por isso como um elemento fundamental para a trama, sendo que é uma das questões menos importantes. Apenas existe um aumento ainda maior para um longa já pequeno, causando uma falta das relações dramáticas pessoais dos mesmos.

Olhando pelas mais diversas óticas e lados, essa revisita de Zumbilândia foi, no mínimo, intrigante. É bizarro perceber como um filme desse estilo conseguiu se proliferar, sendo um ponto bem fora da curva das produções de zumbis no período. Não que seja necessariamente ruim ou bom o fato de ser fora da curva, é apenas uma constatação mesmo. As dificuldades bem particulares de desenvolver todos os seus pequenos elementos acabam ficando um pouco (um pouco mesmo) menores quando colocadas ao lado da diversão proporcionada. Afinal, é um longa que possui isso diretamente em seu DNA. A diversão acaba por ser o seu maior triunfo.

Arte da capa por Ana Paula Barbosa.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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