Crítica – Dash & Lily (1ª temporada)

Histórias de amor natalinas combinam com o atual momento de fim de ano, no qual pipocam de forma quase industrial filmes do gênero. Inclusive, recentemente falamos de um deles aqui, lançado pela Netflix. Outro veio em uma formato de série, que é o caso de Dash & Lily. Apesar de até se adentrar no âmbito dos clichês bem bobos em muitos momentos, o ponto mais flexível da obra é como chegar nisso. Para conseguir entrar em um certo ponto “comum” do gênero, o seriado perpassa por um sinuoso caminho do desenvolvimento dramático, que é onde residem suas maiores virtudes.

Entretanto, antes de ir afundo para maiores questões, é preciso retratar sobre o que falam esses primeiros 8 episódios. Acompanhamos a história de duas pessoas quase opostas: Lily (Midori Francis) é uma menina encantada pelo mundo dos livros. Romântica de forma totalmente clássica, ela acredita que no Natal há a possibilidade da reunião em família e também de encontrar o amor da sua vida. Já Dash (Austin Abrams) não gosta dessa época de celebrações. Também apaixonado por literatura, ele prefere a realidade da vida normal, especialmente após um rompimento marcante na sua vida. Certo dia, Lily deixa um diário com uma série de desafios em uma livraria, em busca de conhecer alguém. E é assim que Dash aceita as tarefas e os dois entram em um jogo para se conhecerem.

A série é baseada em um livro de Rachel CohnDavid Levithan. Apesar disso, é interessante como a produção em si consegue fugir de possíveis apegos materiais, especialmente por uma diferenciação de estrutura e forma de realização da arte. Aqui, a divisão de episódios é feita sempre a trazer uma espécie de diário dessas trocas de cadernos e conhecimentos, enquanto nos afeiçoamos com as tramas de cara um deles. E é nesse aspecto o maior acerto. Uma espécie de concepção de um drama, apesar dos sonhos das possibilidades de natal – aquele básico clichê difundido com tudo.

Assim, a trajetória de Lily, marcada sempre uma grande paixão dentro da família, a qual tratava o fim de ano como grande tradição, passa a ser algo diferente. Os pais e o avô saem de casa e ela divide o espaço com o irmão, que, apesar de gostar dela, parece mais empolgado com o novo relacionamento. Mesmo que sempre tenha sido solitária, ela agora se sente desamparada pela família. Dash, por outro lado, sempre foi uma figura bastante sozinha. A não presença do pai para quase nada e a distância entre os dois, parece fazer ele apenas aceitar essa realidade. Com sua ex-namorada ainda distante, ele tem apenas o melhor amigo Boomer (Dante Brown) para contar.

Com esse apelo de um maior desenvolvimento dessas figuras, era de se esperar que toda a questão do relacionamento dos dois também se tornasse mais complexa. Contudo, há um certo olhar de buscar nisso algo mais simplista, tentando criar algo maior nos dois episódios finais, contudo as coisas acabam de maneira mais fácil, deixando menos espaço para problemas maiores ao fim – e até o que poderia dar uma possibilidade maior de continuação da série. Tudo parece ser resolvido de forma tão fácil, para um desenvolvimento tão maior do que esse.

De fato, existe uma tentativa em Dash & Lily de não ser apenas mais uma comédia romântica boba. Com personagens mais tridimensionais e com características complexas, não vemos uma obra que dá todo o romance de mão beijada para o telespectador. Contudo, existe uma certa crendice em chegar a um lugar comum que pode agradar todo o público. A falta de espaço para tentativas mais interessantes no formato de história, que consegue abordar bem um constrante aos relacionamentos líquidos, parece cair por água abaixo em seu fim. Assim, a primeira temporada termina em um meio termo de poder ser maior do que é, mas cair no lugar comum.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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