Crítica 4×100 – Correndo Por um Sonho

O esporte é uma paixão nacional. Você já deve ter ouvido essa frase, especialmente atrelada ao futebol. No entanto, o Brasil foi fundamentado ao longo do tempo e da história pela disputa desportiva. Em diversas camadas e, especialmente, dentro dos Jogos Olímpicos, sempre tivemos um elemento de orgulho do que é o país. E entre essas questões está o Atletismo, que, apesar de tudo, nunca foi relevante em termos investimento nacional. Todavia, vira e mexe se transformou em medalhas, com algumas lembranças, como o caso da prata no 4×100 masculino nas Olimpíadas de Sidney, em 2000.

Tentando fazer uma espécie de história paralela à essa, acompanhamos a preparação e disputa dos jogos de 2020, em Tóquio (o filme mostra, desde o início, que acontece em um momento alternativo sem a covid-19). Em 4×100 – Correndo Por um Sonho vemos a trajetória de 4 mulheres em busca de uma disputa Olímpica. No entanto, o caso começa alguns anos antes, mais precisamente em 2016. Naquela Olimpíada, do Rio, o país disputava a final do mesmo 4×100 feminino quando Maria Lúcia (Fernanda de Freitas) não consegue completar a prova após tentativa da passagem do bastão por Adriana (Thalita Carauta). A situação levanta um receio de como elas se apresentação quatro anos mais tarde. Contudo, precisam se juntar e retomar uma rotina de time para conseguir ir atrás do sonhado ouro.

Como dito acima, o esporte é elemento de grande amor pelo país todo. Longas como Mais Forte que o Mundo e Heleno acabam trazendo uma trajetória sobre passado, presente e futuro do DNA de diversos tipos que formam a trajetória nacional. Desse jeito, Tomas Portella realiza aqui um trabalho até bastante clichê na condução narrativa, mas que vai atrás de um elemento mais simplista, de superação. É claramente uma obra que não tem intenção alguma de fugir da característica de filme de esporte. Abraça esse elemento do início (na sequência de 2016) até na sua cena final (última corrida de 2020). Essas correlações deixam claro como há um interesse em desenvolver um lado de superar desafios.

E, para isso, Portella foca 4×100 – Correndo Por um Sonho especialmente nas duas personagens citadas antes: Maria Lúcia e Adriana. Ambas possuem desenvolvimentos bem particulares. A primeira vive sob a frustração e culpa dentro dos últimos jogos, mas que está o tempo toddo atrás de superar midiaticamente essa situação. Já a segunda assume uma frustração mais clara, e até muda de carreira para o boxe. Ela parece tentar retomar isso tudo que viveu do passado, porém que agora virou um peso, um fardo a ser carregado. As primeiras cenas com as duas após o ocorrido demonstram bem essa característica da tensão cênica, sempre colocando divisórias entre elas.

Todavia, o filme está atrás, a todo momento, de desenvolver o elemento do esporte na relação dramática de todas as personagens. Nenhuma delas tem esse elemento fora de diálogos ou de suas características, como se fosse intrínsecas a sua formação. Isso acaba sendo uma característica interessante para gerar uma empatia e as unir nas sequências finais, contudo causam também transtorno pelo pouco desenvolvimento de Jaciara (Cintia Rosa) e Bia (Priscila Steinman). Em certos instantes, é quase como se a direção as esquecesse, porém com a necessidade de lembrar que elas estariam em cena futuramente. Soa esquisito.

Apesar disso, há algo a se tirar na tentativa de criar uma fábula feminina em 4×100 – Correndo Por um SonhoÉ uma produção que tem esse claro olhar das dificuldades que as mulheres possuem dentro desse esporte, mesmo não diretamente indo atrás da temática. É algo que permeia sempre as escolhas (se deixando ser mais explícita em uma entrevista do treinador Victor, interpretado por Augusto Madeira). Desse jeito, Tomas Portella consegue até trazer elementos mais complexos e divertido para a narrativa, mas se sustenta com muito pouco. De certa forma, faz sentido, como se a obra realmente não necessitasse ir além, já que está atrás de ser um grande clichê. Contudo, causa uma estranheza a falta de qualquer base dramática maior para tudo acontecer.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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