Crítica – Monsterland (Primeira Temporada)

Monstros são famosos por diversas coisas. Entre elas, está o fato de meterem medo no público ou provocarem reações exageradas, nojentas e etc. A tentativa de Monsterland é construir seu universo através desses monstros, mas não diretamente seres que irão atacar, e sim a monstruosidade do cotidiano. Aquela que se cria em diversas relações possíveis e que pode chegar a níveis inimagináveis. É por ela que os episódios da antologia se guiam construindo – de forma explícita ou não – os seres para nos atacar. Ou será que nós mesmos que estamos nos confrontado?

A criação de Aalia Brown tem esse lado da filosofia como primordial. Os oito episódios se conectam de algumas maneiras, algo que está especialmente relacionado as personagens de Kaitlyn Dever. Todavia, a maior correlação é realmente nesse tema da monstruosidade humana e como ela pode aparecer de todas as formas. Apesar disso, a obra fica sempre nesse meio termo de assumir o lado da loucura, mais implícito e menos expositivo, e o caminho mais natural do terror, com sustos, aparições de monstros e mais. Esse pé nos dois caminhos vai tornando a narrativa meio enfadonha sem saber o que realmente faz daquilo tudo uma unidade. Falta, realmente, um foco para qual o seriado queira apontar.

Um dos exemplos está no episódio “Iron River, Michigan”, o penúltimo da temporada. É talvez o mais irregular de todos, ficando sempre em um caminho que não abraça nada. Em determinado momento no meio da quase 1 hora de realização, é até possível achar que se busque um caminho mais de horror psicológico com a personagem, especialmente pelas mudanças bruscas que a protagonista passa. Contudo, nada passa de um simples relapso, para depois retomar esse grande meio do caminho que a série toda está tentando realizar. Talvez seja o exemplo mais explícito, porém não o único.

Outro que pode ser abordado nesse sentido é “Eugene, Oregon”, logo o segundo desse primeiro ano. Ele até consome elementos mais interessantes para o lado sobrenatural, explorando uma mitologia que se cria sobre a depressão e a figura monstruosa do capítulo. Apesar disso, parece apenas perene, colocado como um elemento simplório de um mundo que necessita de maiores realizações para poder desenvolver realmente isso. E isso ocorre no episódio seguinte, “New Orleans, Louisiana”, o melhor de toda a série. Nele, é um dos poucos que consegue explorar o caráter dos monstros da vida real, que muitas vezes estão escondidos ao nosso lado, junto de um caráter mais direto, que assume a mistura de terror e suspense para a narrativa (com um final extremamente marcante).

Ficando em um grande meio do caminho, faltou bastante pra Monsterland conseguir o que realmente queira. A série até tem seus méritos em conseguir trazer um clima que imerge realmente o telespectador para a história em todos os capítulos, contudo isso acaba parecendo extremamente simplório perante a uma falta de linha única dentro dos oito episódios. Ao final, parece que estamos vendo uma coisa meio incompleta, que quer chegar até algum lugar, mas ainda não foi além do simples.  Se um segundo ano poderá trazer um formato mais amadurecido, só o futuro poderá dizer. Porém, pelo que a forma que as coisas andam, isso não vai para frente.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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