Crítica – Uncharted: Fora do Mapa

Chega até a ser engraçado que, ao pesquisarmos as imagens de Uncharted: Fora do Mapa, pouco vemos das cenas de ação. Poderia ser uma estratégia de marketing para poder levar o público fã da franquia de games ao cinema. Contudo, é uma representação real do que a obra está realmente se propondo a ser. Se os jogos se materializam justamente na aventura desenfreada, em que precisamos sobreviver a todo o instante e também estar junto do protagonista em sua história, aqui parece ser de maior vontade focar apenas no segundo lado. É nele que vemos o desenvolvimento dramático de Nathan Drake (Tom Holland). O que poderia algo bom torna apenas o longa bem menos catártico do que ele poderia ser.

Mas vamos começar do começo. Na trama, vemos a vida de um garoto inteligente e astuto que um dia acaba sendo recrutado pelo experiente caçador de tesouros Victor “Sully” Sullivan (Mark Wahlberg). A missão? Recuperar uma fortuna de Ferdinand Magellan e perdida há 500 anos pela Casa de Moncada, que está escondida em algum local. A aventura é também uma forma de Nathan poder, de alguma forma, tentar reencontrar seu irmão, que desapareceu quando ele era pequeno.

Hollywood sempre teve um certo carinho na pródução de filmes de ação de exploração extremamente divertidos. Se formos nos anos 1930, por exemplo, vemos Tarzan, o Filho das Selvas. E se formous para os anos 1960, temos o maior de todos: Lawrence da Arábia. O que une boa parte deles? A iniciativa, a busca por ir atrás do desenvolvimento de seus protagonistas sempre com base nas suas próprias sequências. O que falar do corte para a viagem até o deserto no segundo? É justamente esse elemento mais desprendido de um cinema inteiramente notado por se desenvolver que Uncharted não consegue alcançar. Ele prefere manter suas tratativas no micro, sendo que, quando vai ao máximo, diverte bem mais o telespectador.

A direção de Ruben Fleischer claramente se divide em duas. Uma primeira que produz uma chata dramédia de espionagem e investigação, em que somos apresentados também a Chloe Frazer (Sophia Ali). E a segunda, em que verdadeiramente a gameficação dessa narrativa se apresenta. A sequencia de abertura mostra bem isso. Nela, já vemos um grande setpiece de Nathan pulando em diversas caixas com um avião no alto. Não há um interesse em querer ser verdadeiro, ou qualquer coisa parecida. É justamente essa abertura para a imaginação que coloca o público como um “jogador”, por assim dizer. O problema é que, em seguida, somos colocados para um andamento lento, que não faz sentido algum com essa outra metade.

Interessante até mesmo como Uncharted: Fora do Mapa – nessa parte 2 – até mesmo é desprendido dos próprios dramas dos seus protagonistas. Claro que eles aparecem em alguns instantes, porém são renegados a um segundo plano, já que o que verdadeiramente importa é esse senso de desprendimento da realidade, a abertura para a diversão. Fleischer saber fazer isso com clareza, até porque não teve as mesmas amarras no primeiro Venom. Contudo, aqui ele fica preso a uma maneira totalmente exata de fazer o longa ser o que ele é.

Uncharted: Fora do Mapa não foge de um conceito total de um filme hollywoodiano de aventura do século XXI. Ao não fugir desses padrões pré estabelecidos, ele consegue até se transformar em chato e cansativo na sua primeira hora quase completa. Quando adentra de vez na grande aventura, que demarca toda a obra original, é o momento que Ruben Fleischer fica sem medo de brilhar na magnitude especial e também nas brincadeiras com as setpieces cada vez maiores. Se, por um lado, a obra fica totalmente atrelada a um estilo, ela consegue, ao mesmo tempo, não ter medo de ser diferente e até meio absurda.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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