Crítica – X: A Marca da Morte
Em X: A Marca da Morte, acompanhamos um grupo de pessoas que possui um único objetivo: realizar um filme pornô e alcançar a fama com isso. A ideia é capitaneada por Wayner (Martin Henderson) cuja namorada, Maxine (Mia Goth) irá estrelar a produção, e ela anseia pelo estrelato: “não irei aceitar uma vida que não mereço” é o seu mantra. O elemento principal para destacar este pornô de todos os outros está nas mãos de RJ (Owen Nichols), estudante de cinema que topou participar da empreitada como maneira de exercitar sua veia artistica.
Logo no início da trama, a namorada de RJ, Lorraine (Jenny Ortega) pergunta o que está por trás do seu empenho na produção. A resposta? “Quero provar ser possível fazer um bom filme sujo”. Esse parece ser o mesmo pensamento por trás da produção, dirigida por TI West, cujo slasher é recheado de afetações, as mesmas que o jovem estudante leva para o filme pornográfico, intitulado A Filha do Fazendeiro.
Assim, tome uma série de efeitos de transição remetendo à época do filme, os anos 70, convidando comparações a obras muito mais interessantes. Se a edição “vai e vem” em Sem Destino simbolizava experimentação, uma tentativa de encontrar novas formas de se expressar com a linguagem do cinema, aqui vira um cacoete irritante, especialmente diante da frequência em que a ferramenta é utilizada.
Durante os eventos de X, cria-se um paralelo interessante entre o gênero de filmes adultos e os slashers, afinal, os dois tratam de assuntos “errados”, de certo modo: sexo e morte. O que motiva os espectadores a assistirem pessoas fazendo sexo sem amor em um caso, e assassinatos sangrentos no outro?
Essas questões, intrigantes, ficam da boca para fora mesmo, com West preferindo um slow burn sem graça até um clímax “explosivo” idem. Muito dessa construção de suspense falha em criar tensão pois ela se apoia numa ideia bastante problemática: a de que pessoas idosas e com tesão são inerentemente assustadoras.
Os vilões são o casal de idosos Pearl (Goth) e Howard (Stephen Ure). A relação entre o par e o grupo é tensa, visto que Howard não aprecia muito a ideia de ter um pornô gravado em sua propriedade, mas não há muito escalonamento dessa tensão, e depois muito se resume a Pearl olhando com desejo para as mulheres do grupo, enquanto Howard recusa sexo por medo de seu coração falhar.
É difícil falar de X sem considerar o tratamento dado a essas figuras. O casal é interpretado por dois atores jovens cobertos de uma maquiagem absolutamente grotesca para sinalizar a idade avançada, convidando uma repulsa gratuita. É uma tentativa de reforçar a diferença entre os grupos, claro, mas há meios melhores para realizar tal coisa, presentes até mesmo no longa, como o uso de tela dividida, contrastando as idades. Mas não, West quer vilanizar esses idosos ao máximo. Uma das cenas envolve os dois fazendo sexo, com uma trilha sonora ameaçadora tomando conta da cena, como esse mero ato fosse motivo de terror ou medo por parte de quem assiste.
Assim, X: A Marca da Morte tem um verniz muito bonito, e, verdade seja dita, sua tentativa de resgatar uma fotografia semelhante ao do cinema americano dos anos 70 é até bem vida. Mas isso fica a serviço de uma narrativa cujas melhores ideias estão na superfície, e um mergulho acaba por revelar mais preconceitos do que outra coisa.