Foo Fighters vira dançante, mas continua marcante com Medicine at Midnight

Em seus anos iniciais, o Foo Fighters (uma banda que era, basicamente, composta por um homem só) vivia em um limbo musical. Sob muitas influências ainda do grupo anterior, Dave Grohl traz um lado mais forte do rock alternativo e do metal alternativo, algo especialmente forte com o grunge nos anos 90. No entanto, essa questão vai se diferenciando conforme os anos passam. Na fase mediana da carreira, a banda americana parecia querer abraçar cada dia mais o pop, com baladas e também músicas com riffs fortes para rádio, por exemplo.

Desde o melhor CD da banda, Wasting Light, de 2011, houve uma espécie de reflexão sobre todo esse período musical. Assim, surge Sonic Highways em 2014 trazendo uma conurbação de todos os momentos da banda. Acima de tudo, era um projeto bem particular, por envolver também uma relação profunda musical pelos Estados Unidos. Porém, era bem claro ali como o Foo Fighters parecia menos interessado em desenvolver o lado mais pesado para usar e abusar de um caminho mais indie. Concrete and Gold, de 2017, tenta trilhar os mesmos passos, entretanto de forma bem mais confusa. Mas é impossível não parabenizar uma necessida de construção de faixas mais pop, como “The Sky Is a Neighborhood”.

Chegando agora em 2021 – de um álbum gravado ainda entre 2019 e 20 -, Medicine at Midnight parece ser o grande auge dessa nova fase do grupo. Unindo canções que ficam na cabeça, riffs marcantes e um lado pop ainda mais presente, levando o CD a se tornar bem dançante, parecemos ver quase uma banda nova surgir. Grohl deixa de lado os vocais mais fortes e gritados pra trazer uma espécie de rock David Bowie misturado com The Strokes. A abertura com “Making A Fire” deixa isso bem claro logo de cara, misturando todos esses elementos juntos e que, sem dúvida alguma, será usada com exaustão nos shows.

E é bem impressionante como o Foo Fighters varia de tudo nesse trabalho. “Shame Shame” e “Medicine at Midnight” reverberam um caminho mais claro de uma música divertida e que terá coros fortes nas apresentações. Enquanto isso, “Waiting On a War” e “Chasing Birds” trazem o lado mais calmo, de baladas, que os integrantes já quase se acostumaram com o passar o tempo (impossível esquecer o sucesso de “Best of You”). Dave Grohl e companhia, no entanto, não querem deixar claro que desgostam de algo mais pesado, o que traz espaço para “No Son of Mine”, “Cloudspotter” e “Holding Poison” trazerem o caminho mais pesado desse disco.

Em uma amálgama de tudo que tem realizado nos últimos tempos, o Foo Fighters usam o Medicine At Midnight menos como um experimento e mais como uma concretização do atual momento da banda. O mais interessante de tudo é que não usando o excesso e o que parecia estranho (transformando, por exemplo, Concrete and Gold em uma produção mais fraca), mas abusando dos caminhos mais instigantes e cada vez mais comerciais. De certa forma, é até curioso como a relação do grupo aqui retratado vai em caminho com o que o Ghost tem buscado realizar para explorar cada vez mais bolhas musicais. E a turma de Grohl está, cada dia mais curiosa, com observar como o gênero do rock é menos fechado para algo e cada dia mais aberto a ser diverso, apesar dos riffs de guitarra e da bateria pesada nunca terem parado.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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