Cobertura Festival do Rio 2022
. Regra 34
. Os Piores
. O Contador de Cartas
Novo filme do diretor americano Paul Schrader, muito reconhecido por seus roteiros para Martin Scorsese, busca bastante criar um drama de realidades. Acompanhamos a vida de William (Oscar Isaac), um ex-militar especializado em interrogatórios, que se transforma em um jogador de cartas. É interessante como o diretor cria uma forte relação com a produção de Robert Bresson de forma cada vez mais direta. E, aqui, vemos muitas similares na construção com O Batedor de Carteiras, de 1959.
É um longa que busca desenvolver as fixações de seu protagonista como justificativa para abordar as várias camadas de momentos. Desde seu período como militar, até ele em uma cadeia, chegando em toda sua relação com a jogatina. Dentro desses meandros, tentamos buscar a realidade por trás do personagem. Quem desses três, que parecem ser máscaras, é o real? Qual é capaz de ser confiável? As perguntas levantadas por Schrader não trazem tantas respostas e mais confusões e sensações.
. Decision to Leave
. Holy Spider
. Sociedade do Medo
A proposta do documentário de Adriana Dutra é interessante, afinal, há muito o que se temer nos dias de hoje. Ascensão da extrema direita, crises climáticas, econômicas, pandemia e a violência que embala todas essas questões. Mas o filme se contenta em ser um mero “especialistas falam” que soa mais como um trabalho de faculdade. Há diversas perspectivas, mas nada muito aprofundado, se contentando em expor reflexões sobre o assunto, sem elaborar de modo mais concreto sobre a questão. Ironicamente, a própria produção é meio medrosa: cita quase todos os lideres modernos que flertam com o fascismo, mas sem citar de modo direto, Jair Bolsonaro. Simboliza bem Sociedade do Medo, que até quer olhar, mas sem se aproximar muito do assunto.
. Broker – Uma Nova Chance
. O Fio do Afeto
. Noites de Paris
Após fazer Amanda, Mikhaël Hers ganhou outro status dentro do cinema europeu na atualidade. Longe de ser uma unanimidade, mas o jovem diretor era uma das novas vozes mais marcantes do cinema francês. Em um ano de muitas produções do país focadas nos efeitos de atentados terroristas, o cineasta parece ter buscado mais um certo “conforto” nas discussões sobre o passado em Noites de Paris. Apesar de ser um filme que aborda, de uma forma ou de outra, todas as ebulições sociais dos anos 60-70 da França.
Nesse ambiente quase explosivo, há espaço para uma reflexão por parte de personagens quebrados, que buscam apenas o conforto em alguma coisa. Seja isso através de uma rádio, como uma companhia, até mesmo em alguma paixão. Assim, resta apenas buscar alguma coisa para se agarrar em um universo meio caótico.
. Um Casal
. Propriedade
. Operação Hunt
Operação Hunt se vende muito junto do seu diretor, Lee Jung-jae, que ganhou um Emmy há pouco tempo quando estava entre os protagonistas de Round 6. Ele, aliás, que também é um dos personagens principais aqui, em uma história tradicional de caça ao espião e gato e rato. Tão tradicional, que tem até os elementos políticos como pano de fundo, na disputa entre Coréia do Sul, Coréia do Norte e o controle dos Estados Unidos dentro da guerra.
A trama é relativamente simples e as cenas de ação são o grande destaque dentro do filme. Apesar disso, ele faz de tudo para se complicar e ser sempre mais complexo do que aparenta. Dessa maneira, busca reviravoltas a todo instante, nunca dando tempo para o telespectador realmente ter algum envolvimento com esses personagens. Nesse jogo frenético, tudo também parece resolvido facilmente, em um grande momento de troca de tiros. Apesar de soar grandioso, é bem mais enfadonho do que aparenta.
. Piggy
. Good Night Oppy
. Argentina, 1985
. Belchior – Apenas um Coração Selvagem
O filme de Natália Dias e Camilo Cavalcanti soa mais como uma super valorização da figura de Belchior do que qualquer outra coisa. De toda forma, isso funciona dentro de uma encenação que busca, acima de tudo, ser um grande jogo sobre as facetas desse personagem. É até interessante a forma como os cineastas exploram isso diretamente, ao colocarem o ator Silvero Pereira interpretando o músico. É uma espécie de autoreferência que o documentário quer fazer, sobre essa busca pela grandeza desse personagem.
. EO
O novo filme Jerzy Skolimowski pode ser descrito como uma grande jornada. Ao mesmo tempo que dramatiza a história de um burro em busca de algum lugar, de alguma liberdade dentro da própria existência, é também uma produção que observa seu protagonista como uma figura complexa demais. Ele necessita de carinho, ao mesmo tempo que também renega ela. Ele precisa buscar sua independência, quando também é preso pela mesma.
Tudo isso coloca EO como um filme sobre a ideia de crescer, de viver longe de tudo. É um longa